São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pelé assume pasta desprestigiada

MÁRCIA MARQUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um orçamento de R$ 20 milhões é o que o futuro ministro extraordinário dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, terá para o próximo ano.
Os recursos, que vêm de parte dos sorteios da Sena, Quina e Loteria Esportiva, são menores até que os R$ 33,99 milhões destinados ao gabinete da Presidência da República em 1995.
Esse orçamento comprova o desprestígio da pasta que Pelé se dispôs a assumir.
Apesar da pompa e circunstância com que o nome de Pelé foi anunciado para o ministério, o futuro ministro terá que usar de seu prestígio junto à iniciativa privada se quiser mais dinheiro para melhorar a imagem do esporte.
O ministro Edson Arantes do Nascimento também terá que se apoiar na fama de Pelé para atingir um objetivo ambicioso: fazer do Brasil a sede da Olimpíada de 2004 e/ou da Copa de 2006.
A atual Secretaria Nacional do Desporto, que será transformada em Ministério Extraordinário dos Esportes, está mal localizada no mapa do poder de Brasília.
Subordinada ao Ministério da Educação, a secretaria divide o terceiro andar do descuidado prédio da FAE (Fundação de Assistência ao Estudante) com o escritório de representação na capital do governo do Tocantins.
Para o secretário Marcos André da Costa Berenguer, ex-subsecretário de Esportes de Pernambuco, a situação agora é boa.
"Ocupávamos cinco lugares diferentes e agora temos os 94 funcionários trabalhando no mesmo lugar", diz Berenguer.
O presidente Fernando Henrique Cardoso estuda, porém, a possibilidade de dar a Pelé um gabinete no Palácio do Planalto.
Segundo Berenguer, a secretaria já está cumprindo, por questão legal, a principal meta que Pelé quer atingir como ministro extraordinário: atender as crianças.
No caso do chamado "desporto educacional", previsto na Lei Zico, a secretaria destinou parte dos R$ 11 milhões do orçamento de 1994 para a organização de competições estudantis e a parceria com municípios na construção de quadras poliesportivas escolares.
Pela estrutura atual, a secretaria recebe, para formar o orçamento, 15% da arrecadação da Loteria Esportiva e 4,5% da Sena e da Quina. Destas últimas, é feito o repasse de 1,5% para o Estado onde o dinheiro foi arrecadado.
Deste total, entre 60% e 70% são destinados aos esportes educacionais. Neste ano, dos R$ 7 milhões destinados ao setor, R$ 1,5 milhão foram para competições, R$ 1,5 milhão para o esporte sócio-cultural e R$ 4 milhões para o educacional.
A secretaria cumpre burocraticamente suas funções. Berenguer diz que não entregará dívidas a seu sucessor, "Edson Arantes do Nascimento", como faz questão de chamar o ministro.
"A secretaria está funcionando bem, enxuta, estruturada e não tem débitos", disse o secretário à Folha na pequena sala do gabinete, onde ficam desarrumados alguns poucos troféus.
Outra parcela dos recursos em esportes tem sido destinada para os deficientes, segundo Berenguer. Nas Para-Olimpíadas, realizadas na Espanha no ano passado, a delegação brasileira tinha 20 atletas.
"Ganhamos três medalhas de ouro e duas de prata", disse Berenguer. A secretaria pagou as despesas da equipe brasileira.

Texto Anterior: Jogador tem oferta do futebol espanhol; Atacante volta para Barcelona ainda hoje; Time não disputa a Copa São Paulo; Clube propõe troca ao rival Fluminense; Shawn Bradley leva multa de US$ 4.000; Treinador consegue vistoria nos campos
Próximo Texto: Estado financia jogos indígenas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.