São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
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Disputa define retorno da CPI do Apito

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

A principal disputa política do futebol do Rio no começo de 1995 se dá na eleição para a presidência da Assembléia Legislativa.
Os dois candidatos têm posições contrárias sobre a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar irregularidades no futebol do Estado.
Sérgio Cabral Filho (PSDB) defende uma CPI com o mesmo espírito da CPI do Apito.
Instalada no início de 1994, ela foi vetada pela Justiça sob o argumento de que o Poder Legislativo não pode investigar entidades privadas, no caso a Federação Estadual de Futebol (Ferj).
O adversário de Cabral Filho, Aluizio de Castro (PPR), é aliado do presidente da federação, Eduardo Viana, e se opõe à CPI.
A eleição será dia 1º de fevereiro. São necessárias 36 assinaturas de deputados para criar a CPI.
Em paralelo à disputa na Assembléia, o Supremo Tribunal Federal deve decidir, em março, se acata recurso a favor da instalação da CPI do Apito.
Se o STF mantiver a decisão da Justiça do Rio, poderia ser criada uma nova CPI na Assembléia, apurando a administração da Ferj através de contratos de colaboração com o Estado.
A CPI do Apito foi formada após denúncia de manipulação do resultado de partidas pela comissão de arbitragem da Ferj.
Quase um ano após o escândalo, Eduardo Viana tem o poder reforçado. Ampliou de 16 para 32 os clubes que participam do Campeonato Estadual a fim de garantir apoio de clubes do interior.
Durante o Campeonato Brasileiro, estourou mais um escândalo na entidade, dessa vez com características quase prosaicas –e novamente não houve punição.
A eleição, em dezembro, de Kleber Leite para a presidência do Flamengo fortaleceu o dirigente da Ferj –o ex-presidente do clube era seu inimigo.
A Ferj recebia três bolas da CBF para os jogos do Brasileiro realizados no Rio, mas só duas chegavam aos estádios.
"Eu faço o que quero com as bolas", disse Viana. A cada jogo uma bola era desviada para campanha eleitoral, segundo funcionários da Ferj.
As bolas eram doadas para os clubes que apoiavam a candidatura do vice-presidente de futebol do Vasco, Eurico Miranda, a deputado federal pelo PPR.
Miranda foi eleito na sétima e última vaga de seu partido.

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