São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Santista produz armas medievais

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Lendas antigas e materiais exóticos acompanham o dia-a-dia de um armeiro de Santos (SP) que reproduz espadas, facas, canhões e armaduras medievais seguindo técnicas secretas e centenárias.
Carlos Parreira, 37, é armeiro desde os 15 anos. Ele descende de uma família de artesão. "Um de meus antepassados pertenceu à Real Armeira Espanhola de século 16", afirma.
Com técnicas passadas de geração a geração, Parreira exporta seus artigos para diversos países -como as espadas samurais que vende para o Japão.
"No meu trabalho, são usados materiais ferrosos retirados de meteoritos. No cabo das espadas samurais, usamos pele de arraia. Para dar cor ao aço, empregamos banha de carneiro", disse Parreira.
O armeiro afirmou que muitas técnicas e materiais empregados relacionam-se com lendas e místicas antigas.
"Dizem que, no Japão dos samurais, os senhores feudais madavam banhar a lâmina das espada no sangue dos prisioneiros", disse.
Parreira afirmou já ter recebido pedidos idênticos. "Eu não faço. Não uso sangue. Na história da armeria, o artesão que usa sangue é conhecido como armeiro negro."
O armeiro, que tem autorização do Exército para trabalhar, afirmou acreditar que suas armas não são usadas para rituais religiosos.
"Muitas seitas me procuram, mas as facas e espadas encomendadas são empregadas em cerimônias religiosas. Não faria armas se soubesse que estariam sendo empregadas em sacrifícios", disse.
No ano passado, um cliente -Parreira não quis revelar seu nome- encomendou um pequeno canhão para ser colocado na proa (parte da frente) de seu iate.
"Ele me disse que era para atirar em gaivotas. Se fosse empregado em defesa própria, eu faria. Mas para matar animais, nunca."
Além dos armamentos, Parreira confecciona armaduras medievais. "Elas são feitas sob medida. O cliente sai daqui vestido, inclusive com os ornamentos para o seu cavalo", disse.
Entre os clientes do armeiro, estão políticos como Paulo Maluf – que encomendou cinco canhões decorativos – , hotéis, casas noturnas, colecionadores e decoradores.

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