São Paulo, terça-feira, 3 de janeiro de 1995
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Fleury desempregado; Fim de mandato; Ensino em Vitória; Reforma tributária; Crença nos políticos; Aprovação sem critério; Amor à profissão; Fingimento; Abusos militares; Política de saúde; Democracia urgente; Consumo de drogas

Fleury desempregado
"Depois de se sair como o pior governador que São Paulo já teve, com uma gorda aposentadoria e com o partido quercista falido e derrotado, Fleury ainda está mendigando um cargo no novo governo da República? Onde está a vergonha desses políticos que não querem largar a mamata, nem mesmo quando perdem as eleições? Se ele quer um emprego, que procure no caderno de empregos do 'Folhão'!"
Henry I. Z. Requejo (São Paulo, SP)

Fim de mandato
"É simplesmente lamentável e vergonhosa a atitude dos deputados estaduais de São Paulo não reeleitos que reivindicam, por via judicial, o cumprimento de seus atuais mandatos até 15 de março de 1995."
Alcibíades Pires Filho (Itobi, SP)

Ensino em Vitória
"A Prefeitura de Vitória investe em educação 40% dos recursos obtidos com a arrecadação de impostos. A Constituição Federal prevê o repasse de 25% para investimentos no setor educacional. O percentual de 35%, publicado pelo Indifolha (22/11), é o mínimo exigido pela Lei Orgânica Municipal. Os 40% dos impostos são destinados, entre outras, à capacitação profissional permanente, garantia de materiais didáticos e pedagógicos, merenda escolar, manutenção e construção de prédios. São esses recursos que garantem, por exemplo, a instalação de videocassetes e aparelhos de televisão nas unidades de ensino e o funcionamento da Brinquedoteca."
Cesar Colnago, secretário de Educação de Vitória (Vitória, ES)

Reforma tributária
"Lamento ter que discordar de José Serra. Sua coluna de 13/12 não contribuiu para tornar inequívoca uma reforma tributária. A discussão ainda não se aprofundou até atingir seu vício de fundo, qual seja, o seu alheamento diante do modo de obter e destinar sobras da produção nacional. Tal alheamento desvela-se, na prática, como disjuntiva entre a crescentemente injusta sorte das fontes dessas sobras e o aparentemente justo destino das mesmas. A propósito, uma prática política, institucionalmente orientada para implodir essa disjuntiva, a rigor não frequenta a cultura nacional, ainda que esta cultura tenha progredido em seu discurso mais representativo, a ponto de reconhecer que 'o Brasil não é um país subdesenvolvido, é uma sociedade injusta' (FHC)."
Pedro Bérgamo (Brasília, DF)

Crença nos políticos
"'Depois de todo o acontecido, 79% dos entrevistados de 403 cidades brasileiras acreditam que o Brasil tem jeito' (Folha, 25/12). Na certa, alguém ouviu dizer (e anda espalhando por aí) que nossos políticos estão garantindo que vão pôr o país no caminho certo; que doravante cada um deles será um verdadeiro abnegado, trabalhando tão-somente para o bem comum e, o mais importante, fugirá da corrupção como o diabo da cruz. Tomara!"
René Adriani (Jundiaí, SP)

Aprovação sem critério
"É interessante o plano educacional adotado pela Prefeitura de Belo Horizonte através de ciclos. No entanto, a aprovação sistemática, desprovida de critérios rigorosos e de compromisso entre alunos e professores em relação ao saber, pode criar mais um modelo simplista que mascara o aprendizado (do saber elaborado), oferecendo a 'satisfação' ilusória da aprovação e do certificado de aprovação, que não habilita o aluno para o exercício pleno da cidadania."
Jáder Marcos Paes Correto da Rocha (Penápolis, SP)

Amor à profissão
"Fiquei extremamente comovida ao ler o artigo do sr. Luís Nassif, onde fala, com muita propriedade, da felicidade de conhecer um profissional que tem um amor verdadeiro pela profissão. Qualquer que seja, rendosa ou não, se não houver uma gana, uma garra, algo que vem lá do fundo, como se fosse um todo correndo pelas veias, é melhor procurar outra área."
Carmen Rita Alcaraz Orta Dieguez (São Carlos, SP)

Fingimento
"É fundamental banir das mentes medíocres a trágica mensagem que invade as escolas hoje: 'Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo'. Será possível discutir a democratização do ensino sem admitir que o primeiro direito do aluno é aprender? Creio que o resgate da qualidade se dará quando o professor exigir de fato e o aluno for capaz de cobrar."
José Geraldo Macedo Meireles (São Paulo, SP)

Abusos militares
"Muito interessante e bem-vinda a reportagem da Folha de 18/12 sobre a revista policial 'por atacado', como está sendo praticada no Rio pelas Forças Armadas. É lamentável o desprezo das garantias individuais e o desrespeito à Constituição. Mais alarmante é ainda o comportamento de grande parte da imprensa e meios de comunicação locais em face a este absurdo. Me pasma esta complacência, esta indiferença: não se tomam satisfações do Exército quanto aos presos incomunicáveis, não se questiona a validade jurídica dos mandados genéricos que nunca são apresentados à imprensa."
Paula Freitas Souza (Teresópolis, RJ)

Política de saúde
"Gilberto Dimenstein, as verbas da saúde nunca serão suficientes caso o Ministério da Saúde continue complacentemente permitindo que se pratique com suas verbas uma medicina predominantemente curativa, intervencionista e elitizada, com o patrocínio inclusive de alguns tipos de tratamento altamente sofisticados e caros. Espero que o governo Fernando Henrique não fique apenas na intenção e que assuma para valer a mudança no modelo brasileiro da saúde, com a aplicação de uma medicina mais humana, com ênfase na prevenção e compatível com nossa realidade econômica e social."
Carlos Eduardo T. B. Monteiro (São Paulo, SP)

Democracia urgente
"Srs. presidente FHC e governador do Estado de São Paulo, Mário Covas: os srs. lembram dos tempos da ditadura militar e dos prejuízos causados por ela às pessoas, moral, humana, física e psicologicamente? Hoje, muitas pessoas estão sofrendo perseguições, torturas, assassinatos, tendo que obedecer a lei do silêncio, fugir de um bairro a outro ou para outras cidades com sua família. Como naqueles tempos, não sabemos quem é polícia; cantores e ídolos da juventude cantam músicas de protestos. Como naqueles tempos, jovens pegam nas armas e o exército está nas ruas novamente. Como vítimas e testemunhas do mal daqueles tempos, espero que trabalhem a favor da democracia social, urgente.
Luiz Carlos dos Santos, coordenador do Centro Pastoral de Orientação e Educação à Juventude (São Paulo, SP)

Consumo de drogas
"Discordo da forma tutorial como vem sendo conduzida pela Folha a discussão sobre a descriminalização das drogas, pois a maioria dos consumidores não é doente e nem precisa de porta-vozes. Penso que os consumidores precisam, eles mesmos, é de assumir seus costumes, seus hábitos, e de lutar por isto. Cadê, por exemplo, a 'Associação Nacional dos Consumidores de Cocaína'? Onde está a cara do advogado, do médico, do padre, do deputado e do jornalista que se drogam? A luta tem de ser sobretudo deles, e não dos demais cidadãos não consumidores dessas coisas. Acho que a Folha ainda está nos devendo a abertura de uma discussão mais profunda sobre o papel dos seres no mundo, pois, sem razões para viver, as pessoas continuarão a se destruir com o uso de 'felicidades' mais à mão, como as drogas."
Antonio Francisco das Neves (Belo Horizonte, MG)

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