São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995
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50% voltam a fumar após seis meses ;Fumante passivo

DA REPORTAGEM LOCAL

50% voltam a fumar após seis meses
Um estudo do serviço público de saúde dos EUA mostrou que 50% das pessoas que decidem parar de fumar voltam ao vício do cigarro depois de seis meses. A porcentagem dos que abandonam o fumo cai para 25% um ano depois.
"Por isso mesmo, a prevenção primária –aquela que é feita antes que a pessoa comece a fumar– é a mais importante", diz o psiquiatra José Carlos Galduroz, do Cebrid, Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Escola Paulista de Medicina.
Uma vez criada a dependência, livrar-se dela fica muito mais difícil, diz o psiquiatra. Como ocorre com todas as outras drogas, a dependência pode ocorrer a qualquer momento da vida, desde que haja um uso continuado. Segundo Galduroz, quanto maior tempo de uso, maior a dependência. No caso do cigarro, o fumante adquire uma dependência química –pela nicotina– e outra psíquica, que é a relação entre o fumo e situações agradáveis.
Quando deixam o cigarro repentinamente, fumantes veteranos sentem irritabilidade, ansiedade, insônia e até distúrbios gastrointestinais.
Algumas semanas depois esses sintomas físicos desaparecem, mas a "falta psicológica" do cigarro continua. "Se a pessoa está estressada ou nervosa, vai querer fumar", diz o psiquiatra. "Se está se sentindo bem, também vai querer."
Segundo estudo do Cebrid, 5,3% dos estudantes de 1º e 2º graus de dez capitais brasileiras fumam com frequência –isto é, mais de seis vezes por mês. "A grande maioria deles vai se transformar num dependente do cigarro", diz Galduroz.
Fumante passivo
Uma pessoa não-fumante que convive em ambientes fechados com vários fumantes apresenta um risco entre 30% e 50% maior de desenvolver câncer, dependendo do tempo de exposição a que se submete. A informação é da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
No Brasil não há número sobre essas vítimas indiretas do cigarro, mas o cancerologista Narciso Escaleira, de São Paulo, diz que é cada vez maior o número de "fumantes passivos" com câncer de pulmão.
Por essa razão, Escaleira diz que as campanhas de prevenção e as restrições à propaganda e ao cigarro devem atingir tanto os que ainda não fumam como os fumantes.

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