São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995
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Doce ironia

SILVIO LANCELLOTTI

Passa bem depressa o tempo dos rancores nos bastidores da cartolagem. Um ano atrás, o suíço Sepp Blatter, secretário-geral da Fifa, liderava um aberto movimento de oposição a João Havelange, o presidente da entidade. Então chamado de "traidor" por Havelange, no correr de 94 Blatter recuperou a confiança do chefe e agora se propõe –doce ironia– como seu defensor mais rigoroso e ostensivo.
No começo de dezembro, uma nova crise de bastidores espocou na Fifa. A Uefa, federação dos países da Europa, ameaça uma secessão se Havelange não abandonar seu estilo "ditatorial".
Pois Blatter acaba de se manifestar rompido com conterrâneos de continente: "Eu me pergunto por que razão dirigentes da Uefa se calam na presença de Havelange, reservando reclamações a jornais. Se têm algo a protestar, que o façam nas reuniões do comitê executivo".
Não se escutava uma declaração tão forte do suíço desde o anúncio da eliminação de Dieguito Maradona da Copa dos EUA. Aliás, não se sabia de um Blatter tão forte na Fifa desde a Copa da Itália.
Tanto que promete uma revolução nas regras do velho soccer: "Na reunião marcada para Ayrshire, na Escócia, em 4 e 5 de março, a Internacional Board deverá aprovar, em caráter experimental, a cobrança dos arremessos laterais com os pés, assim como novidades eletrônicas na arbitragem".
Blatter pretende oficializar o uso do videoteipe no julgamento de ações disciplinares –inclusive quando ocorrerem falhas dos mediadores. Também pretende ampliar a mais nações os testes feitos com o equipamento "Impulseur".
Trata-se de um transmissor de sinais embutido nos cabos das bandeiras dos dois auxiliares. Quando algum lance acontece fora do alcance visual do apitador, o guarda-linhas pode imediatamente chamar a sua atenção com um bip.
"Confio tanto nas modificações que já prevejo a implantação, nas divisões maiores do futebol, nas eliminatórias da Copa de 98", observa Blatter. Aliás, a Fifa deseja, cada vez mais, unificar os critérios de arbitragem. Para tanto, vai designar os mediadores da Copa de 98 já em 95.
Explica o suíço: "Neste ano, cuidarão do Mundial Sub-20 da Nigéria, do Sub-17 do Equador e do Mundial Feminino da Suécia. Em 96, se incumbirão dos Jogos Olímpicos de Atlanta. Em 97, do Sub-17 da Nova Zelândia ou do Egito. Chegarão otimamente preparados a competição da França".

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