São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995
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Clit Club celebra era das garotas em NY

EVA JOORY
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

A noite de Nova York ferve neste começo de ano. Com a chegada do inverno, ela muda de cara. Algumas noites resistem, festas novas aparecem enquanto outras se transformam num megaflop.
Noites gays, mixed, shows, os melhores DJs, tudo acontece nos clubes mais descolados da cidade (veja roteiro abaixo).
O Clit Club (clube gay de garotas) se consagra como um dos maiores hypes da noite de Nova York. A responsável pelo sucesso da noite criada por Julie Tolentino (promoter do Clit) há dois anos é a DJ, compositora e produtora Toni C., que toda sexta-feira toca para uma legião de clubbers femininas.
Ex-DJ residente do Studio 54, da Xenon e do finado clube de Ricardo Amaral na cidade, Club A, Toni, 39, falou à Folha em Nova York e disse ter interesse em se apresentar no Brasil.
Folha - Você é compositora e produtora de artistas como Debby Harry e Snap. Como resolveu ser DJ?
Toni C. - Quando a era disco começou eu fui ser DJ em clubes grandes como o Studio 54 e Xenon. Foi aí que aprendi sobre dance music. Eu já era música e comecei a produzir faixas dance e meus discos começaram a vender. Resolvi parar de ser DJ e investir na área de produção. Mas senti saudades e voltei.
Folha - Frankie Knuckles disse que os clubes gays oferecem sempre as melhores noites porque o público sabe se divertir. Você concorda?
Toni C. - Concordo. Na época em que eu trabalhava no Studio 54, era divertido ver um público misto, animado. Hoje acho que os único clubes divertidos são os clubes gays. Nos anos 80, os yuppies tomaram conta da noite. Eram pessoas mais conservadoras. A Aids também veio frear a loucura dos anos 70. Os yuppies hoje são casados, têm filhos e não saem de casa.
Folha - O Clit Club também aceita homens e é mais receptivo, o que é difícil para um clube gay. Por quê?
Toni C. - Julie Tolentino é da Califórnia e trouxe essa idéia de lá. É uma idéia mais cool, os clubes gays de NY são muito mais fechados. Na verdade ela queria fazer festas que reunissem garotas bonitas e glamourosas, onde elas pudessem ser eróticas e conversar sobre sexualidade.
Folha - O Clit só existe numa cidade como NY?
Toni C. - Sem dúvida. É mais fácil abrir um clube gay para homens, eu já trabalhei neles. Eles não têm medo de se mostrar. Muitas mulheres gays não gostam nem de dançar! Já expulsei garotas porque não souberam se comportar.
Folha - Existe preconceito para o fato do DJ ser mulher?
Toni C. - O preconceito vem das próprias mulheres. Muitas vêm até a cabine para dizer: "Até que para uma DJ você toca bem". Eu toco bem e pronto!
Folha - Como faz sua seleção? A música tribal parece ser o novo hype desta temporada e você é quem mais difunde este estilo. Por quê?
Toni C. - NY tem seu próprio som. E não existe outro lugar onde a música tribal dance faça tanto sucesso. Eu pessoalmente adoro, é um ritmo pesado, mas bastante dançante. Faço uma escolha pessoal, misturo novidades com música comercial, tipo Robyn S.
Folha - Quais são suas três favoritas?
Toni C. - "In My House" (Smooth Touch), "Love and Happiness" (India e Tito Puente) e Movin'On Up" (M People).

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