São Paulo, sexta-feira, 6 de janeiro de 1995
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UE adia tratado com a Rússia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A União Européia decidiu adiar a assinatura de um tratado comercial e político com a Rússia por causa da ação militar na separatista República da Tchetchênia.
Hans van den Broek, comissário de Negócios Exteriores da Comissão Européia, disse ao Parlamento Europeu que a crise tchetchena deu origem a "sérias preocupações que estão se tornando indignação" porque "não há mais proporção entre o fim e os meios".
Um dos tópicos do tratado adiado era o respeito aos direitos humanos. Trata-se de um tratado provisório que deveria valer até a assinatura de um acordo permanente da UE com a Rússia.
É a primeira medida de reação estrangeira à crise na Tchetchênia. Até agora, países muçulmanos haviam lançado notas de protesto. Europa e EUA haviam expressado preocupação mas afirmado que a crise era um problema interno da Rússia.
Van den Broek disse que a Comissão pediu à França a convocação de uma reunião de emergência para discutir a política da UE para a Tchetchênia. A França detém agora a presidência rotativa da UE.
Não será cancelada ajuda financeira à Rússia porque a maior parte do dinheiro europeu está em setores como segurança nuclear, disse Van den Broek.
Um avião russo bombardeou ontem o Palácio Presidencial de Grozni, segundo a agência "France Presse". O ataque ocorreu 14 horas depois que o presidente russo Boris Ieltsin mandou parar ataques aéreos à capital da Tchetchênia.
O chanceler alemão Helmut Kohl disse que havia telefonado a Ieltsin e expressado sua preocupação com a situação em Grozni. "Felicito o presidente Boris Ieltsin pela ordem de interromper os bombardeios", disse Kohl em nota oficial.
Tropas russas e rebeldes tchetchenos continuavam lutando nas ruas de Grozni no sexto dia da tentativa russa de tomar a cidade. Não houve avanços importantes de nenhum dos lados. Os russos movimentam tropas para tentar um novo assalto à cidade.
O assessor de Ieltsin para segurança nacional, Yuri Batarin, disse que a "normalização da situação na Tchetchênia está muito longe". Batarin prevê o surgimento de grupos de guerrilha na república.
A previsão de Batarin contrasta com a da maioria dos membros do governo. O vice-premiê Nikolai Iegorov e o chefe da contra-espionagem russa Sergei Stepashin foram enviados para a Tchetchênia. Iegorov disse que o líder separatista tchetcheno Djokhar Dudaiev seria derrubado "sem combates".
"É impossível viver em um Estado onde as mais altas autoridades mentem", disse em Moscou o deputado Sergei Kovaliev.
Kovaliev esteve em Grozni durante três semanas após o início da intervenção russa. "Não há nem sequer uma linha de verdade nas declarações oficiais", disse o deputado.
"É uma mentira deliberada, sangrenta e desesperada". Kovaliev disse que quanto à manipulação das informações "ultrapassamos os comunistas e até Goebbels" (Josef Goebbels, chefe de propaganda da Alemanha Nazista).

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