São Paulo, sábado, 7 de janeiro de 1995
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Livro e filme debatem morte do diretor Pier Paolo Pasolini

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O assassinato do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini ("O Evangelho Segundo São Mateus", 1964) volta a ser discutido na Itália. O crime voltou à tona com a publicação na Itália, pela editora Mondadori, de "Pasolini, Un Delito Italiano", de Marco Tullio Giordana, livro que reúne todos os testemunhos, veredictos, provas e indícios do fato, ocorrido há quase 20 anos.
"Espero que a magistratura italiana reabra o caso, pois são muitas as lacunas na versão oficial e muitos pontos obscuros ficaram sem resposta", disse o autor.
Pasolini foi encontrado morto, perto de Roma no dia 2 de novembro de 1975. A polícia prendeu Pino Pelosi, então com 17 anos, que conduzia o Alfa Romeo do cineasta. Pelosi confessou o crime.
Os jornais da época demonstraram dúvidas em relação à versão oficial –muito simplista– já que o crime foi diretamente relacionado à conduta sexual do cineasta, assumidamente homossexual. Não levaram em consideração que Pasolini era um ferrenho crítico da sociedade burguesa e da classe política dominante no país.
Nos dias seguintes, os jornalistas recolheram testemunhos que falavam da presença de várias pessoas no local do crime. No próprio carro de Pasolini foram encontrados objetos que não pertenciam nem ao cineasta nem a seu assassino confesso.
Segundo Giordana, é impossível que um homem robusto como Pasolini tenha sido morto por um jovem de apenas 17 anos. Indícios recolhidos durante a autópsia mostram que, provavelmente, o cineasta foi mantido imóvel enquanto outras pessoas o golpeavam. Em fevereiro próximo, o autor deve lançar ainda um filme baseado em seu livro.
Pasolini nasceu em Bolonha, em 5 de março de 1922. Estudou história da arte e literatura. Na juventude, torna-se um marxista pouco ortodoxo. De sua convivência com a pobreza na Roma dos anos 50, surgem dois livros: "Ragazzi di Vita" e "Una Vita Violenta". Dirige "Accattone", seu primeiro filme, em 1961.

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