São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995
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Arida é submetido a Senado pela 3ª vez

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Senado vai tentar votar hoje, pela terceira vez, a indicação de Pérsio Arida para a presidência do Banco Central e do economista Francisco Lopes para uma das diretorias do banco.
O novo complicador, ontem, era a irritação dos parlamentares com a afirmação do governador do Ceará, Tasso Jereissati, que chamou o Senado de "chantagista".
O presidente da Casa, Humberto Lucena (PMDB-PB), afirmou ontem que cerca de 60 senadores se comprometeram a participar da sessão nesta semana. "Tenho feito um apelo a todos, e, até quarta-feira, teremos votado as indicações", disse Lucena.
Na semana passada, por duas vezes, o Senado tentou votar a indicação de Arida, mas não se atingiu o número mínimo necessário de senadores (41).
Um grupo de 13 senadores ficou no salão, ao lado do plenário, onde é servido o cafezinho para evitar a votação.
O grupo rebelado condiciona a aprovação do nome do presidente do Banco Central à votação pela Câmara do projeto que anistia o senador Humberto Lucena.
Lucena foi cassado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por imprimir propaganda eleitoral na gráfica do Senado. O projeto que anistia Lucena e os demais parlamentares acusados de uso indevido da gráfica foi aprovado no mês passado pelo Senado.
As declarações do governador do Ceará, Tasso Jereissatti (PSDB), de que o Senado "é uma casa de chantagistas" provocou uma reação irada dos senadores.
Pedro Teixeira (PP-DF) pediu que o Senado interpele o governador por intermédio da Procuradoria Geral da República para que Jereissatti confirme ou não as declarações.
"Não será o Jereissatti nem outros fantoches que vão mudar o meu pensamento", disse o senador Alexandre Costa (PFL-MA), um dos líderes do movimento que impediu a sessão de votação da indicação de Arida.
"Aquilo que o Jereissatti disse são sandices", afirmou Costa. O senador não se mostrou sensibilizado com o apelo de Lucena: "Ele (Arida) será aprovado, mas não com o meu voto. Não há nada que me obrigue a votar", disse.
Apesar das reclamações, o senador Pedro Teixeira voltou atrás e disse ontem que vai contribuir para a sessão. Teixeira não participou das sessões de votação na semana passada.
Na Câmara, a irritação foi com a pressão do Senado. "Não vamos permitir agressões ou chantagens", disse o deputado Adylson Motta (PPR-RS), que presidiu ontem a sessão.
Motta respondia aos deputados do PT Paulo Paim (RS) e Tilden Santiago (MG). Eles pediram que a Câmara solicite ao Senado a lista com todos os parlamentares que usaram a gráfica e o tipo de material que imprimiram.
A atitude dos deputados foi motivada pelas declarações do senador Ney Suassuna (PMDB-PB). Ele apresentou uma lista com nomes de deputados que teriam usado irregularmente a gráfica.

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