São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Reunião 'enquadra' equipe econômica

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

O conceito de equipe econômica, como uma espécie de superentidade acima ou à margem do próprio governo, começou a ser sepultado na reunião do Conselho de Governo (ministros e secretários) realizada sexta-feira e sábado.
Embora essa idéia não tenha sido expressa com tanta crueza durante o encontro, acabou sendo o principal resultado dele, conforme avaliação obtida pela Folha junto aos participantes.
O prolongado período de crise econômica fez com que, em todos os governos mais recentes, o ministério se dividisse em duas partes bem distintas: de um lado, a equipe econômica, responsável pelos grandes planos, e de outro os demais ministros, meros coadjuvantes ou, pior ainda, inimigos dos planos quando implicavam em austeridade.
O que se tentou na reunião da granja do Torto foi passar a idéia de que o governo trabalha com três prioridades interligadas: consolidar a estabilidade, sem prejuízo do crescimento econômico, e introduzir as reformas sociais.
Procurou-se deixar claro no encontro que cada ministério é igualmente responsável por todas essas três prioridades.
Ou, em outras palavras, não há uma equipe econômica que corta gastos versus ministros de outras áreas que reclamam dos cortes ou tentam contorná-los.
Se a teoria vai ou não combinar com a prática é o que se começará a ver nos próximos dias.
Afinal, cada ministro levou como lição de casa o documento de trabalho elaborado pelo chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, que continha as diretrizes prioritárias elaboradas durante a fase de transição, como desdobramento do programa de campanha.
Não há, nelas, grandes novidades além do que FHC já expusera durante o período eleitoral.
Mas, para isso, é preciso fazer as reformas constitucionais que já foram reiteradamente expostas pelo presidente, a saber: reformas tributária, previdenciária, do pacto federativo (encargos e receitas de União, Estados e municípios), flexibilização dos monopólios e tratamento do capital externo.
A reunião não entrou em detalhes sobre nenhuma delas, até porque o governo pretende antes debater com a sociedade civil organizada cada um desses pontos.

Texto Anterior: Senado é independente, diz vice
Próximo Texto: Ministros dependem de Carvalho para nomear
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.