São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Prefeito administra Rio Claro da prisão

ROBERTO CARDINALLI
DA FOLHA SUDESTE

O prefeito de Rio Claro (175 km de São Paulo), Dermeval da Fonseca Nevoeiro Júnior (PPR), administra o município da prisão há um ano e meio.
Mesmo assim, ele ficou em quarto lugar na aprovação da população sobre o desempenho no segundo ano de administração, segundo pesquisa Datafolha realizada em dezembro entre as 21 principais cidades do Estado.
Nevoeiro foi considerado ótimo ou bom por 52% dos entrevistados. Para 29% das pessoas, sua administração foi regular. Apenas 15% afirmaram achar ruim ou péssimo seu trabalho. Em relação a 93, a avaliação positiva cresceu 15 pontos percentuais.
Nevoeiro foi condenado a quatro anos de prisão sob a acusação de estelionato e formação de quadrilha, em 2 de outubro de 1992, um dia antes de ser eleito prefeito.
Ele fugiu e através de um habeas corpus conseguiu ser diplomado e assumir a prefeitura até abril de 93, quando o PT cassou na Justiça o benefício.
Depois de várias internações em hospitais de Piracicaba e São Paulo por problemas cardíacos, Nevoeiro foi transferido, em setembro de 93, para cumprir a sentença em cela especial no 37º Batalhão da Polícia Militar, de Rio Claro.
Nessa época, solicitava à Câmara Municipal licença para se afastar por motivos de saúde. Quando o PT ameaçou barrar a aprovação de nova autorização, Nevoeiro começou a despachar da cadeia.
A Lei Orgânica do Município prevê a perda do mandato quando o prefeito fica ausente por mais de 30 dias fora da cidade, sem autorização da Câmara Municipal.
Com autorização judicial, Nevoeiro passou a receber diariamente, no final da tarde, os secretários. Assinava decretos, leis, contratações e exonerações.
A partir de dezembro de 1993, a assessoria jurídica do prefeito conseguiu a mudança para o regime penal aberto. Há um ano, ele passa as noites na cadeia e sai para trabalhar durante o dia.
Dependendo das ocasiões, Nevoeiro tem alguns finais de semana livres e com autorização do comandante do batalhão, pode fazer viagens a outras cidades e Estados.
No final de 1994, o comandante solicitou ao desembargador Cunha Bueno, do Tribunal de Justiça do Estado, uma resolução pedindo que Nevoeiro passe a ter liberdade vigiada em razão de seu bom comportamento. Assim ele poderá dormir em casa.

Texto Anterior: Mais guerra santa
Próximo Texto: Ação da Polícia Militar acaba com 3 mortos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.