São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995
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Missa barra extensão da Faria Lima

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de 15 integrantes da paróquia anglicana São João, a maior parte deles com mais de 60 anos, conseguiu evitar ontem que sua igreja fosse demolida pela prefeitura para a extensão da avenida Faria Lima.
Os fiéis se recusaram a interromper um culto e sair dos bancos da igreja mesmo depois de soldados da PM e funcionários da prefeitura terem arrancado o sistema de som, carregado para fora quase todos os bancos e pisado no altar para retirar sua cruz.
A igreja, que fica na rua Coropé, 108, em Pinheiros (zona oeste), foi ocupada por 15 PMs apoiados por quatro carros, entre 10h e 19h. Cerca de 50 paroquianos estavam no local para protestar.
A PM e os funcionários cumpriam ordem de imissão de posse dada pelo juiz Wanderley Fernandes, da 5ª Vara da Fazenda Pública, que acatou pedido de desapropriação feito pela prefeitura.
Às 19h, o juiz foi informado por telefone pela oficial de Justiça Fabiana Rodrigues, 20, de que o grupo se recusaria a sair. Nesse momento, ele suspendeu a ordem de despejo. O juiz se recusou a explicar a decisão pelo telefone.
Até essa decisão ser tomada, houve horas de negociações e um ato de violência policial.
O vereador Mauricio Faria (PT), que acompanhava as negociações, tentou deixar a igreja e foi avisado que não poderia mais entrar. Ele tentou voltar e foi prensado na porta pelo capitão Otávio Henrique de Oliveira, da PM.
O vereador registrou um boletim de ocorrência contra o PM e disse que vai processá-lo por agressão. "Eu apenas usei a força necessária para cumprir a ordem", disse o policial.
Durante a tarde, os paroquianos passavam pela janela sushis (a maior parte deles é da colônia japonesa) e mistos frios para quem estava dentro da igreja. Às 17h, a oficial de Justiça proibiu que eles fossem alimentados ou usassem o banheiro. "Eles vão ser derrotados pela fome e pelo cansaço", disse.
A ordem de imissão de posse do prédio da igreja foi dada pelo juiz no dia 3. Na sexta-feira passada, a polícia e a oficial de Justiça foram à igreja cumprir a ordem.
Nesse dia, foi feito um acordo com os paroquianos adiando o despejo para ontem, mas eles se recusaram a sair. Hoje, o juiz deve tomar nova decisão sobre a igreja. Os paroquianos vão tentar obter liminar suspendendo a demolição.

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