São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995
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Preso 'despejado' por Covas será empilhado

MARCELO GODOY; ANDRÉ MUGIATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o governador Mário Covas mantiver as visitas a presídios e às delegacias, pode acabar com quase todo sistema carcerário do Estado. No sábado, ele foi ao presídio do Hipódromo, no Brás (zona leste), afirmou que ele não tem condições para funcionar e decidiu desativá-lo em 30 dias.
Mas a situação das 93 delegacias de São Paulo é muito pior. Com espaço para 650 presos, o Hipódromo abrigava ontem 186 detentos em suas 63 celas –uma média de 3 presos por cela. No 14º DP, em Pinheiros, essa média sobe para 25 (leia texto abaixo).
Os presos do Hipódromo devem ser mandados para penitenciárias da Grande São Paulo. O próprio secretário de Justiça, Belisário Santos Júnior, 46, diz que não sabe se há vagas suficientes no sistema penitenciário para desafogar as delegacias.
Só em 94, 1.753 detentos fugiram dos distritos policiais em 235 fugas. As delegacias registraram, ainda, 22 rebeliões. Somadas, elas abrigavam ontem 5.599 presos, quase seis vezes mais que a capacidade de suas celas.
Segundo Lair Svicero, 49, diretor do Hipódromo, o presídio é viável e não oferece risco. Houve só uma fuga em 94 do Hipódromo.
"O fechamento era um antigo pedido da pastoral carcerária e dos moradores do Brás. Ele não tem condições para abrigar presos", disse o secretário. Ele afirmou que não há solução rápida para a superlotação dos DPs.
"As fugas incentivam a prática de crimes, pois o criminoso sabe que, uma vez preso, poderá fugir", disse o diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital, delegado Alberto Angerami, 54. Segundo ele, sua prioridade é acabar com as fuga.

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