São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995
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Pesquisa histórica define rumos da ficção

MANUEL DA COSTA PINTO
DA REDAÇÃO

"Sociedade Secreta" promete ser uma série duplamente original: de um lado, o argumento que deve servir de base para o roteiro depende totalmente de uma pesquisa histórica. De outro, é uma iniciativa em que um veículo de comunicação de massa possibilita uma investigação que pode trazer dados novos para a historiografia vigente –a exemplo do que já ocorreu com os outros livros de Fernando Morais, responsável pela pesquisa.
Histórias de ficção que têm como cenário acontecimentos políticos não são uma novidade. A própria Globo já investiu nesse filão, com as minisséries "Anos Rebeldes" (sobre o regime militar nas décadas de 60 e 70) e "Agosto" (baseado no romance de Rubem Fonseca, sobre a era Vargas).
Nos dois casos, personagens fictícios tinham seu cotidiano permeado pelos acontecimentos da época, às vezes contracenando com personagens que estão nos livros de história.
Em "Sociedade Secreta", ao contrário, a história não deverá ser um mero pano de fundo que dê sabor realista à ficção: muitos de seus protagonistas serão os mesmos que ocuparam as manchetes de jornal nos anos 30.
Fernando Morais parece ter um prazer especial em detectar o sentido romanesco da realidade, mesmo em livros que se esmeram na descoberta de fatos insuspeitados da história brasileira.
"Olga", seu primeiro livro no gênero, era um épico sobre a militância da mulher do líder comunista Luís Carlos Prestes, que morreu nas mãos dos nazistas.
E o best seller "Chatô " fez do magnata Assis Chateaubriand uma versão brasileira (e livresca) do Cidadão Kane, de Orson Welles.
Aqui, porém, o rigor historiográfico do trabalho é determinante de seu encadeamento dramático, o que permite supor que "Sociedade Secreta" deverá ser uma espécie de cruzamento entre os filmes de época e os documentários.

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