São Paulo, quarta-feira, 11 de janeiro de 1995
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Peso mexicano cai e a Bolsa despenca

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Bolsa de Valores do México voltou a cair vertiginosamente ontem apesar dos esforços do governo para assegurar aos investidores internacionais que a "economia continua sólida".
No fechamento do pregão, a queda foi de 6,26%, com o índice principal ultrapassando a "barreira psicológica" dos 2.000 pontos, fechando a 1.972,33. É a segunda maior baixa desde 89. Uma hora e meia antes do fechamento, a Bolsa chegou a cair 11,09%.
Os preços das ações sofreram baixa já nas primeiras operações, um dia depois da pior queda do mercado em mais de cinco anos, quando o mercado baixou 6,6%.
As ações de empresas mexicanas negociadas em Wall Street também desabaram, seguindo a queda da Bolsa mexicana.
Acompanhando o nervosismo do mercado, a moeda mexicana, que no dia anterior teve uma pequena recuperação, voltou a baixar nas primeiras operações de ontem. O dólar foi cotado a 5,80 pesos, depois de fechar na segunda-feira a 5,40 pesos.
Segundo analistas financeiros, o nervosismo imperava sobre todo o mercado, causado pela desconfiança de que o governo perdera o controle da economia e pela previsão de aumento das taxas de juros dos Certificados do Tesouro (Cetes), cuja previsão é de aumento de 50% hoje –17 pontos acima do nível fixado na semana passada.
Especialistas também atribuíram a forte queda aos efeitos da desvalorização do peso, que redundou no corte de gastos federais para infra-estrutura, prejudicando as empresas de construção.
As construções mexicanas dependem fortemente dos contratos governamentais e a maioria tem um dívida externa considerável em dólares, disseram.
As ações da indústria de construção estão tendo fortes perdas. Junta-se a isso o baixo volume de negócios na Bolsa e a falta de compradores. O volume negociado ontem foi de cerca de 70 milhões de ações, frente aos 87 milhões negociados na segunda.
O nervosismo no mercado financeiro teve início com o fato de, na segunda-feira, o México ter começado a fazer retiradas dos fundos de estabilização que foram colocados à sua disposição pelos Estados Unidos e Canadá, observou um analista.
Além disso, uma rebelião dos camponeses no Estado de Chiapas, com a morte de duas pessoas, deixou o mercado mais nervoso.
O rendimento dos chamados Tesobonos, papéis do governo com prazo de 28 dias, aumentou em 20% e o dos Tesobonus de 90 dias subiu 19,5%.
Tentando reverter o quadro pessimista, o governo mexicano informou que congelaria a contratação de funcionários, proibiria a compra de bens imóveis e de automóveis novos oficiais e reduziria os gastos governamentais em viagens, comunicações e em outras atividades.
Brasil
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, 51, disse ontem que a nova queda da Bolsa do México "não é motivo de preocupação, pois as situações de Brasil e México são muito diferentes".
Pedro Malan reconheceu, no entanto, que o governo está analisando "com cautela" a crise mexicana. Para ele, os efeitos da crise do México não são suficientes para criar uma nova crise no Brasil. "O México não é o Brasil de amanhã", afirmou.
Na avaliação do ministro do Planejamento, José Serra, a queda das Bolsas não pode ser tomada como referência porque "são mercados sensíveis, sujeitos a influências de natureza psicológica".
"O Brasil tem condições mais sólidas que o México", disse.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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