São Paulo, quarta-feira, 11 de janeiro de 1995 |
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Fábrica é exemplo de limpeza
ELVIRA LOBATO
Ao entrar na fábrica, os visitantes são convidados a tirar os sapatos. É um hábito da cultura japonesa, como servir o chá verde e trocar cartões de visita. Não se deve ir ao Japão sem um bom estoque de cartões. No coração de uma fábrica de chip, que é a linha de produção, a obsessão pela limpeza é maior do que nos centros cirúrgicos. Só se admite 0,1 mícron de poeira em cada 30 cm3 de ar, porque qualquer impureza pode comprometer a qualidade do produto. Para se ter uma idéia do que isto significa, em uma residência limpa há 10 milhões de vezes mais poeira no ar. Os funcionários que trabalham na produção do chip ficam isolados por paredes de vidro. Eles usam toucas, máscaras, luvas, roupas e calçados especiais que só deixam à mostra os olhos, ouvidos e narinas. A principal matéria-prima para fabricação dos chips é a sílica, que precisa ter um grau de pureza de 99,9% –o Brasil é um dos produtores dessa matéria-prima. A sílica vai para a indústria em lingotes, que são fatiados. Cada lingote dá, em média, 200 waffles (bolachas), sobre as quais são impressos os circuitos. O processo de impressão é semelhante ao da fotografia e requer uma luz amarelada, como nos laboratórios fotográficos. No interior da fábrica, o silêncio só é cortado pela musiquinha dos robôs usados para o transporte de materiais. A música é para avisar que eles estão se aproximando. Homens são maioria A fábrica praticamente não tem mulheres em cargos de chefia. Dos 3.300 funcionários, 1.500 são mulheres, mas ocupam apenas 2 dos 297 postos de gerência. Esta distribuição desigual, segundo Kondo, se deve a um outro hábito cultural do Japão: as mulheres param de trabalhar quando se casam. A idade média das funcionárias na fábrica é de 23 anos, enquanto a dos homens é de 37,5 anos. (EL) Texto Anterior: NEC desenvolve superchip de 1 gigabit Próximo Texto: Crianças contam histórias pela Internet Índice |
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