São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Secretário de Covas vai ao TCE e recua de acusações contra Fleury

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Fazenda do governo de São Paulo, Yoshiaki Nakano, 50, não conseguiu justificar ontem, com fatos, ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) afirmação anteriormente feita segundo a qual alguém, na administração anterior, "meteu no bolso" benefícios gerados pela crise no governo.
A um tribunal formado em sua maioria durante as gestões dos ex-governadores Luiz Antônio Fleury Filho e Orestes Quércia (1987-1991), o secretário chegou a classificar a frase que ele mesmo proferira de "infeliz".
Nakano prometeu encaminhar irregularidades ao Ministério Público quando tiver conhecimento delas.
O secretário foi ao TCE a convite do órgão para explicar ainda a afirmação de que a dívida do Estado, de R$ 32 bilhões, teve "desempenho duvidoso" e gerara a "falência" do Estado.
Quatro dos sete conselheiros do TCE foram nomeados por Fleury, principal alvo das denúncias de irregularidades feitas pelo atual governo do Estado.
Cláudio Alvarenga, um dos escolhidos na gestão Fleury, fez perguntas ao secretário sobre o montante da dívida do Estado antes da administração Fleury. O ex-governador tem dito em sua defesa que não contraiu dívidas novas e que, em sua gestão, ela saltou de R$ 15,3 bilhões para R$ 32,3 bilhões por conta da elevação da taxa de juros.
José Luiz de Anhaia Mello (indicado na gestão Abreu Sodré, 1967-1971) disse que as afirmações do secretário "enveredam pelo caminho da responsabilidade penal".
Algumas observações de conselheiros soaram, senão como defesa do governo Fleury, ao menos como crítica aberta ao governo de Mário Covas.
Eduardo Bittencourt (indicado no governo Quércia) disse que Covas "continua no palanque" e acusou o atual governador de "fechar o governo para balanço" ao suspender obras e parcelar o pagamento de funcionários.
Bittencourt repetiu argumentos de Fernando Boucinhas, secretário da Fazenda de Fleury, para dizer que havia recursos de caixa para pagar o funcionalismo em dia.
"Não há por que não acreditar nele", afirmou o conselheiro. Nakano disse que o atual governo encontrou nos cofres do Tesouro apenas R$ 26 milhões –a folha de pagamento a ser paga seria de R$ 625 milhões.
Mais números
Nakano aproveitou sua exposição ao TCE para fazer uma nova crítica ao governo Fleury: disse que os reajustes salariais concedidos no fim da gestão passada aumentaram a folha de pagamentos do Estado em R$ 2,5 bilhões ao ano.

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