São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 1995
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Começa dolarização total do sistema financeiro argentino

Se crise persistir medida pode se estender a toda a economia

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia, Domingo Cavallo, iniciou ontem a dolarização completa do sistema financeiro argentino, para evitar fuga de investidores. Se a crise persistir, ele deverá dolarizar integralmente a economia até maio.
A ordem do ministro veio de Nova York, onde ele participou do Conselho das Américas.
Desde ontem, o Banco Central transforma automaticamente em dólares mais de US$ 5 bilhões de depósitos compulsórios em pesos. A medida visa eliminar as incertezas sobre uma desvalorização do peso.
O BC também passou a comprar e a vender dólares para o sistema financeiro na taxa um dólar igual a um peso. Isso reduz o custo do sistema bancário para dolarizar os depósitos. Os bancos também podem ter todas as reservas em dólares.
Com isso, qualquer cliente que retire depósitos aplicados em pesos recebe o mesmo valor nominal em dólares.
O mercado reagiu positivamente. A Bolsa de Valores de Buenos Aires teve ontem alta de 10,34%, após queda recorde de mais de 9% na terça-feira.
O secretário de Finanças, Bancos e Seguros, Roque Maccarone, disse ontem que o governo "avança na dolarização" para mostrar que não haverá desvalorização do peso.
Até ontem, os bancos eram obrigados a ter um montante das reservas e dos depósitos compulsórios em pesos, como parte do sistema bimonetário –circulação simultânea de duas moedas na economia.
São permitidos contratos nas duas moedas, mas o pagamento de salários e impostos é em pesos. Se a crise permanecer, o governo Menem está disposto a dolarizar toda a economia.
Carlos Menem é candidato a um segundo mandato nas eleições de maio. Precisa da confiança dos eleitores de que não haverá desvalorização.
Cavallo está seguro de que as alterações vão resultar numa dolarização crescente dos ativos financeiros.
O ministro também cedeu às pressões da rede bancária, que enfrenta problemas de liquidez (disponibilidade em moeda corrente ou papéis rapidamente conversíveis em dinheiro).
O BC reduziu o depósito compulsório sobre depósitos à vista e a prazo. Isso injetou cerca de US$ 700 milhões na rede bancária e deverá baixar as taxas de juros, que chegaram a 30% ao ano nos últimos dias.

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