São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995 |
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BC já admite trabalhar por superávit
FRANCISCO SANTOS
No final do ano passado, antes da crise cambial do México, a importância dos saldos comerciais passou a ser minimizada dentro do governo Itamar Franco, cuja base da equipe econômica se mantém no atual governo. A balança comercial registrou déficits consecutivos nos meses de novembro e dezembro e a previsão da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e Comércio era de que em 95 o país teria no máximo um "pequeno saldo" comercial. Com a crise mexicana, causada principalmente por um elevado déficit comercial que elevou o saldo negativo na conta corrente (balança comercial mais balanço de serviços) do país a 8% do PIB (Produto Interno Bruto), a necessidade de se ter um saldo comercial significativo voltou a ser considerada. Ontem, o ex-presidente do BC Carlos Langoni disse que o país precisa de um saldo entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões para que seu déficit em conta corrente (os serviços têm um déficit histórico de aproximadamente US$ 14 bilhões) fique em cerca de 1,5% do PIB, um nível considerado saudável. Gustavo Franco, mesmo dizendo que não se tratava de uma meta do governo, repetiu por três vezes os números como algo a ser considerado. Em seminário sobre as perspectivas da América Latina a partir de crise mexicana, Franco ouviu críticas ácidas do economista Antônio Barros de Castro (ex-presidente do BNDES) à defesa de déficits comerciais. "Nunca uma tese foi tão rapidamente desmentida", disse Castro, sem citar a autoria dela. Tanto Castro como Langoni defenderam o fortalecimento do setor exportador do país. Gustavo Franco disse depois, em entrevista, que nunca defendeu déficits comerciais, mas sim déficits em conta corrente. Mais tarde, em outra entrevista, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, também negou que a equipe econômica tenha defendido o fim dos saldos da balança comercial. Texto Anterior: Aperto deve ser menor, diz Malan Próximo Texto: Só 1% das empresas não querem mudanças Índice |
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