São Paulo, quarta-feira, 18 de janeiro de 1995
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ACC gera superávit cambial

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

As operações comerciais no mercado de câmbio registraram um superávit de US$ 131,542 milhões na segunda-feira passada, quando as exportações somaram US$ 267,005 milhões e as importações foram de US$ 135,463 milhões, segundo os dados divulgados ontem pelo sistema eletrônico do Banco Central (Sisbacen).
Segundo Eduardo Leme, diretor do Multibanco (associado ao Bank of America), esse superávit é resultado da revogação, na última quinta-feira, do compulsório de 15% sobre os ACCs, que estimulou os exportadores a anteciparem a venda de dólares de exportações futuras e aplicarem os reais no mercado financeiro.
O saldo de anteontem anulou o déficit nas operações comerciais de US$ 72,933 milhões acumulado na primeira quinzena deste mês e acabou gerando um superávit de US$ 58,609 milhões nos primeiros 17 dias de janeiro (exportações de US$ 1,679 bilhão e importações de US$ 1,620 bilhão).
Nas transações financeiras, porém, o saldo de anteontem manteve-se negativo em US$ 97,260 milhões, já que as entradas foram de US$ 132,977 milhões e as saídas de US$ 230,237 milhões.
O resultado do dia foi um superávit de US$ 34,282 milhões nas operações comerciais e financeiras, mas a perda de divisas acumulada nos primeiros 17 dias do mês ainda é de US$ 1,147 bilhão.
O diretor do Multibanco disse que o volume de operações de ACCs pode ser inferior ao seu potencial.
Nas mesas de câmbio dos bancos, comenta-se que grandes exportadores estariam adiando as contratações, por conta da expectativa de que o governo restabeleça o prazo original de 180 dias.
Desde outubro do ano passado, esse prazo foi reduzido para 90 dias no máximo e, em alguns casos, para 30.
Mesmo que o superávit nas operações de câmbio aumente, o reflexo na balança comercial brasileira não será imediato.
Exportadores
O presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), Marcus Vinicius Pratini de Moraes, disse ontem que o país deverá enfrentar novos déficits na balança comercial em janeiro e fevereiro.
Em dezembro, a informação ainda não confirmada é que ocorreu déficit de US$ 1 bilhão.
Pratini de Moraes levou ontem a previsão ao ministro Pedro Malan (Fazenda), 51, e pediu a ele incentivos as exportações.
Os incentivos defendidos por Pratini de Moraes são a redução de PIS, Cofins, ICMS, e IPI sobre os produtos exportados, além do aumento de prazo do financiamento às exportações através de ACCs (Adiantamento de Contratos de Câmbio), de 90 para 270 dias.

Colaborou a Sucursal de Brasilia

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