São Paulo, quarta-feira, 18 de janeiro de 1995
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Aracy Amaral assume a direção do departamento de museus de SP

ELVIS CESAR BONASSA; DANIEL PIZA
DA REDAÇÃO E DA REPORTAGEM LOCAL

A curadora Aracy Amaral foi indicada para ocupar a direção do Dema (Departamento de Museus e Arquivo do Estado de São Paulo). A indicação foi anunciada anteontem pelo secretário da Cultura do Estado, Marcos Mendonça.
Historiadora da arte na USP (Universidade de São Paulo), Aracy já foi diretora da Pinacoteca do Estado e do MAC (Museu de Arte Contemporânea) e curadora da Bienal de São Paulo.
Substitui Carlos Perrone, diretor do Dema na gestão de Ricardo Ohtake. O Dema é um dos principais departamentos da Secretaria de Estado da Cultura. No ano passado, absorveu R$ 11 milhões dos R$ 25 milhões destinados a investimentos pela secretaria.
Neste ano, no entanto, converte-se em um grande problema: a demissão de funcionários ligados ao Baneser coloca em risco a própria manutenção dos acervos, que já é precária.
Na Pinacoteca do Estado, por exemplo, toda a área de administração e restauro de obras de arte desaparece com as demissões, além da área administrativa. Há uma reforma por terminar.
No MIS (Museu da Imagem e do Som), o caso é grave: evaporam 80% dos funcionários.
Com essa situação, Aracy vai ser obrigada a reestruturar o Dema, antes de se dedicar propriamente a uma política cultural para seu setor.
Emanuel Araújo, diretor da Pinacoteca, acredita que a indicação de Aracy é adequada para enfrentar esses problemas. "Ela é uma profissional de história com larga experiência administrativa", diz.
A nova diretora do Dema se encontra com Mendonça amanhã, para definir as primeiras medidas que serão adotadas no Dema.
Há um problema imediato: a secretaria precisa encontrar pessoal para cobrir as demissões do Baneser nas áreas consideradas essenciais –caso essas demissões sejam confirmadas como imediatas.
Em outubro do ano passado, por iniciativa de Perrone, foi realizado um encontro entre diretores de museus e especialistas para discutir a crise do setor.
A maioria dos museus enfrenta problemas infra-estruturais como goteiras e equipe mal treinada. Não há aquisição substancial de acervo nem programa de atividades articulado.
Uma das propostas surgidas no encontro foi a conversão dos museus em fundações de direito privado. Com isso, eles deixariam de depender exclusivamente de verbas públicas –que atrasam e quase sempre são insuficientes– e poderiam usufruir de patrocínios privados. Poderiam também cobrar ingressos do público.
A proposta também pleiteava que a direção de museu passasse a ser considerada cargo técnico, não sujeito a coordenadas políticas.
Aracy terá de considerar a proposta. Ela deve ser nomeada no "Diário Oficial" e tomar posse semana que vem. Define então os diretores dos museus da rede do Dema.
(Elvis Cesar Bonassa e Daniel Piza)

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