São Paulo, quarta-feira, 18 de janeiro de 1995
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"Pior do que 2ª Guerra", diz sobrevivente

ROGERIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

Fomos acordados com o terremoto. Ficou tudo batendo, tremendo muito. Não parava. Durou muito, muito tempo, disse Denise Rovira Pereira, 30, à Folha pelo telefone.
Denise está em Osaka há seis meses, trabalhando no hotel Seiryo, na parte leste da cidade. Segundo Denise, há cerca de 60 brasileiros no hotel atualmente.
Ficamos quase 24 horas sem dormir, porque avisaram na televisão que poderia haver novos tremores. Há cerca de uma hora (18h em Brasília) sentimos um novo tremor, bem mais fraco.
Segundo Kinji Yoshikawa, dono do hotel, o tremor pegou todos de surpresa. Todos saíram dos quartos e ficaram aguardando os tremores passarem. A recomendação era para que ninguém fosse para a rua, disse.
Foi pior do que os bombardeios da Segunda Guerra Mundial, a cidade inteira estava em chamas, relatou Seizo Takeda, 60, ao irmão Shoji Takeda, 53, que mora há 31 anos no Brasil.
Ainda estou preocupado. Não consegui localizar minha mãe, de 89 anos, que mora na área mais afetada pelo terremoto, diz Shoji.
Shoji afirma que levou mais de três horas para falar com o irmão. Sua casa desabou e ele teve de se refugiar dentro de sua loja.
Em sua infância em Kobe, Shoji presenciou outros terremotos, todos fracos segundo ele. Este foi o maior desastre da história de Kobe, nunca houve nada igual.
Shigeo Kitayama, 54, que está no Brasil há 24 anos, também tem parentes perto do epicentro.
Meu cunhado disse que ouviu um barulho forte, vários móveis caíram e a terra começou a tremer. Quando ele olhou pela janela, muitos edifícios tinham caído.
A dona-de-casa Sueli Aoki, 35, foi surpreendida na noite de anteontem com um telefonema do marido, João Aoki, 40, que está em Osaka há um mês.
Ele ligou ontem à noite e me disse que tinha acontecido um terremoto, mas para não ficar preocupada com as notícias da televisão porque com ele estava tudo bem.

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