São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 1995 |
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Sabesp deve abandonar o patrocínio ao basquete
HUMBERTO SACCOMANDI
O novo governo estadual orientou as estatais a reverem seus patrocínios esportivos, quase todos concentrados em basquete e vôlei. Devem ser mais atingidas as empresas que operam em regime de monopólio e não disputam fatia de mercado com empresas privadas. É o caso da Sabesp e da Cesp. "Estamos reavaliando o contrato com Franca. A tendência é de rescisão", disse à Folha Celso Vernizzi, superintendente de comunicação da Sabesp. O contrato entre a Sabesp e a equipe de Franca vence em maio próximo. Segundo Vernizzi, a estatal hídrica paulista paga R$ 50 mil mensais à equipe. "A parceria com o basquete, essa ligação entre esporte e saúde, foi muito boa. Mas agora é necessário fazer um enxugamento de despesas", disse Vernizzi. A Sabesp acumula R$ 200 milhões em dívidas de curto prazo. "Se há uma orientação para que as estatais fiquem fora do esporte, temos de aceitar", disse ontem o técnico da Sabesp/Franca, o ex-jogador Hélio Rubens. Além da Sabesp, outras estatais estão revendo o marketing esportivo. O Banespa já cortou o patrocínio a pilotos de automobilismo e alguns eventos. Em crise e sob intervenção, o banco só garantiu até agora o vôlei. A sua verba de marketing foi cortada pela metade (de US$ 50 milhões para US$ 25 milhões). A Cesp, estatal da eletricidade que patrocina o basquete feminino de Piracicaba e o masculino de Rio Claro, ainda não definiu se renovará o apoio a essas equipes. Cada uma recebe R$ 98 mil por mês, segundo Jairo Pires, gerente de comunicação da Cesp. "É preciso uma decisão rápida, pois os contratos estão vencendo", disse. A Cesp anunciou na semana passada uma dívida de US$ 5,9 bilhões, dos quais US$ 810 milhões vencem este ano. "Apesar das dificuldades da empresa, o valor do patrocínio não é muito alto", disse Pires. Este é o argumento de Hélio Rubens. "O dinheiro que se gasta com esporte é muito pouco para essas empresas", disse. Mas o próprio secretário estadual de Esportes, Sérgio Barbour, adverte que há predisposição para "cortar gorduras" na área de marketing, "especialmente em empresas que não disputam mercado". Nesse caso, a Nossa Caixa poderá manter seus patrocínios, ou parte deles. O banco, que não quis revelar o valor de seus contratos, atua no vôlei, basquete, natação, hóquei sobre patins e atletismo. "O esporte é um bom negócio. Em agosto de 94, a captação de poupança subiu 6%, coincidindo com o título internacional da Nossa Caixa/Ponte Preta e com a campanha com a Paula e a Hortência", disse Mário Marinho, assessor de marketing da Nossa Caixa. "Não creio que o governo acabe bruscamente com tudo, mas ele mesmo pode estimular a iniciativa privada a apoiar o esporte, com incentivos", disse Hélio Rubens. O técnico acredita que, com a recuperação da economia, as empresas privadas deverão investir mais no esporte. "Franca é um equipe de ponta, que seguramente dá um bom retorno", disse. O time foi campeão das Américas no ano passado. Hélio Rubens argumenta também que algumas das equipes mantidas por estatais realizam o trabalho de massificação do esporte, através das escolinhas. Texto Anterior: Criciúma é único time 'estrangeiro' Próximo Texto: Governo federal resolve realizar blitz nos estabelecimentos de bingo Índice |
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