São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 1995
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Golpe de Estado se rende ao popular

SYLVIA COLOMBO
DA REDAÇÃO

Show: Golpe de Estado
Com: Catalau (vocal), Hélcio Aguirra (guitarra), Nelson Britto (baixo) e Paulo Zinner (bateria e percussão)
Quando: amanhã e sábado, às 19h30, e domingo, às 18h30
Onde: Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, tel. 011/277-3611)
Quanto: R$ 6

A banda de hard rock Golpe de Estado se apresenta a partir de amanhã no Centro Cultural São Paulo lançando seu quinto disco, "Zumbi", pelo selo Eldorado.
Comemorando dez anos de carreira, a banda, que sempre teve um público fiel entre os fãs do rock pesado, agora mostra seu lado mais comercial.
"Queremos nos reciclar musicalmente, senão cairemos numa fórmula", diz o guitarrista da banda Hélcio Aguirra.
"Zumbi" tem duas faixas em inglês –"Slow Down" e "My Generation", clássico interpretado pelo The Who, uma das maiores influências da banda. "É preciso mostrar o rock dos anos 70 para a moçada de 15 e 16 anos."
Essa missão didática não refere-se somente ao rock. O álbum traz uma nova versão para "Hino de Duran", de Chico Buarque, cuja letra se refere ao regime militar e à repressão cultural.
"É uma época que tem que ser lembrada". Segundo ele, Chico Buarque ouviu a versão e aprovou.
Além destas versões, a banda apresenta parcerias com Rita Lee, em "Zumbi", e Arnaldo Antunes, em "Hino de Duran".
"Esta abertura para a música popular e para o rock brasileiro é muito saudável para nós porque nos dá a oportunidade de falar de coisas diferentes e ter uma visão mais ampla do nosso trabalho."
O namoro da banda com o pop já podia ser constatado em trabalhos anteriores, quando a banda gravou um blues com Bocato. "Blues tem tudo a ver com metal, é o que o Aerosmith faz."
Sem medo de contrariar os fãs do hard rock puro, a banda considera seu som consolidado. "Fazemos o nosso rock, ainda quando mesclamos ritmos ou fazemos versões é com o nosso estilo, e o público reconhece o som."
Além do novo disco, o Golpe preparou um medley com seus sucessos anteriores para os shows no Centro Cultural. "É uma forma de o público identificar logo as músicas e assim a gente ganha tempo na apresentação."
Hélcio considera os adolescentes o público básico do Golpe. "Essa garotada é quem realmente sai de casa para ir a um show de rock. Nosso fãs do início têm hoje uns 30 anos, é mais difícil continuar nos acompanhando."
A banda continua turnê pelo interior do Estado, ABC e litoral. "EUA e Europa estão na mira, devemos seguir a via aberta pelo Sepultura e outros conjuntos de heavy e hard."
O show faz parte do projeto "Verão Cultural 95", promovido pelo Centro Cultural São Paulo. A programação traz nomes da MPB, rock e blues. Entre eles, já se apresentaram Zé Geraldo e 14 Bis.

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