São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 1995
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EMI reativa o selo Blue Note no Brasil

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os jazzmaníacos penhorados agradecem. Esquecido durante os últimos anos por sua representante no Brasil, o influente selo de jazz Blue Note volta a fazer parte dos investimentos da gravadora EMI.
Já era tempo. Alguns títulos do clássico catálogo da Blue Note até podiam ser encontrados nas importadoras. Mas o consumidor brasileiro tinha dificuldades de acesso aos últimos lançamentos desse selo fundado nos EUA, em 1939, por um imigrante alemão.
Dois exemplos gritantes: apesar do enorme sucesso que fizeram no exterior, os últimos CDs da cantora Cassandra Wilson e da banda de jazz-rap Us3 demoraram meses para desembarcar em número suficiente por aqui.
Agora, a EMI brasileira parece decidida a tirar o atraso. Além de importar três CDs que ainda frequentam as listas de mais vendidos nos EUA, até o final do mês a gravadora distribui a coleção "The Best of Blue Note", com 25 dos melhores álbuns do selo.
Novidades
O maior destaque entre os novos lançamentos fica com o CD do guitarrista e compositor John Scofield. Depois de bem-sucedidas parcerias com Pat Metheny e Joe Henderson, ele acerta outra vez.
"Hand Jive" marca o encontro de Scofield com o sax tenor do experiente Eddie Harris. Em várias faixas, a dupla resgata o charme do dançante "soul-jazz", estilo de fusão do qual Harris foi um dos mais brilhantes articuladores, durante a década de 60.
Outro destaque desse suplemento Blue Note é o álbum da veterana cantora Lena Horne. Do alto de seus 77 anos, a ex-dançarina do lendário Cotton Club de Nova York demonstra estar em ótima forma vocal.
Entre standards e baladas, o repertório de "We'll Be Together Again" oferece cinco canções de Billy Strayhorn (1915-1967), o alter ego musical de Duke Ellington. Mas surpresa mesmo está no arranjo "funky" de "Love Like This Can't Last": vai matar de susto os velhos fãs de Lena.
Já o saxofonista Everette Harp mostra em seu segundo álbum que não tem muito de original a oferecer. Comanda uma repetitiva seleção de baladões açucarados, com muitos vocais e pinceladas de jazz-pop à Dave Sanborn.
Coleções
A coleção "The Best of Blue Note" não se destina apenas a jazzófilos nostálgicos. Vai permitir também aos jovens fãs do jazz-rap conhecer na fonte o jazz dos anos 50 e 60 que faz a cabeça do Us3, de Guru e outros rappers.
Além dos "grooves" dançantes de Herbie Hancock, Horace Silver e Lee Morgan, essa coleção promete obras-primas de Thelonious Monk, Miles Davis, John Coltrane, Dexter Gordon, Chet Baker, Charlie Parker, Jimmy Smith e Bud Powell, entre outros.
Mais uma novidade da Blue Note para a garotada fã do jazz-rap é a série "Rare Grooves", que a EMI promete lançar no país ainda em fevereiro.
No primeiro suplemento, entram quatro reedições em CD de mestres do jazz dançante: o saxofonista Lou Donaldson ("Everything I Play Is Funky"), o guitarrista Grant Green ("Carryin' On") e os organistas John Patton ("Understanding") e Ronnie Foster ("Two-Headed Freap").
E o resgate da Blue Note não pára por aí. Segundo a gerente de produto da EMI, Ana Cláudia Lavaquial, mensalmente novas edições do selo chegarão ao país, sempre que possível em edição simultânea com o exterior.

Títulos: Hand Jive (de John Scofield), We'll Be Together Again (de Lena Horne) e Common Ground (de Everette Harp)
Lançamentos: Blue Note/EMI
Formato: CD
Quanto: R$ 22 (em média)

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