São Paulo, sexta-feira, 20 de janeiro de 1995
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Cidade do PR testou terceirização da saúde

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto de terceirização da saúde proposto pelo prefeito de SP, Paulo Maluf, já foi experimentado em Maringá (norte do Paraná). Durante quatro meses, em 92, um posto de saúde municipal foi administrado por uma empresa escolhida por licitação.
O PAS –Plano de Atendimento à Saúde– de Maluf prevê que hospitais e postos de saúde sejam administrados por uma cooperativa formada por médicos e funcionários. Os moradores de cada bairro deverão ter carteirinha e a cooperativa receberá pelo número de cadastrados.
Em Maringá, o "plano de microgestão" –como era chamado– foi desativado quando o então prefeito Ricardo Magalhães de Barros não conseguiu eleger seu sucessor. A idéia era estender a terceirização para os outros 25 postos, de forma que um fizesse concorrência com o outro. A cidade tem 250 mil habitantes.
Ricardo Barros, 35, hoje deputado federal pelo PFL, diz que a "experiência, mesmo limitada, foi um sucesso". "Melhorou a qualidade dos serviços, diminuíram as filas e os custos estavam caindo."
A implantação das "microgestões" começou com três escolas–piloto em 91. Empresas ou cooperativas montadas por professores e funcionários daquela escola participaram da licitação onde o critério anunciado era capacitação técnica.
A prefeitura passou a pagar as empresas por aluno matriculado. Segundo Barros, a evasão de alunos caiu e os custos foram reduzidos em cerca de 40%.
Na saúde, a licitação do primeiro posto foi ganha por uma empresa montada por profissionais da área. A prefeitura fez um levantamento do custo médio dos procedimentos e montou uma tabela.
O posto atendia os moradores da região e recebia pelos seus serviços. Para incentivar a prevenção, medidas como vacinação, exames ginecológicos e de prevenção do câncer recebiam pagamentos acima do custo.
Em contrapartida, procedimentos que poderiam ser evitados, como extração de dente e cesáreas, eram pagos com valores inferiores.
Inspetores da prefeitura controlavam a qualidade dos serviços.
O deputado disse que não precisou de autorização legislativa para esse tipo de terceirização. "É necessário apenas que o orçamento da secretaria em questão contemple a contratação de serviços de terceiros", disse.
Segundo ele, o Partido dos Trabalhadores entrou com ação de inconstitucionalidade junto ao Ministério Público estadual, mas acabou perdendo.
Uma interpelação feita junto ao Ministério Público federal ainda estaria em andamento.
Quanto à proposta de São Paulo, especialistas em direito sanitário argumentam que ela fere leis federais e exige aprovação da Câmara Municipal.
Além das divergências legais, o curto projeto de Maringá na saúde revelou alguns problemas. Nos dois primeiros meses, a empresa contratada ultrapassou o teto de atendimento e a tabela de preços teve de ser revista.

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