São Paulo, sexta-feira, 20 de janeiro de 1995 |
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Pichadores compram tinta e limpam prédios e muros em Belo Horizonte
PAULO PEIXOTO
Anteontem, 19 pichadores identificados e presos pela polícia mineira voltaram aos locais que tinham pichado. Com lixas, removedores e tintas, que eles mesmos compraram, deram início à limpeza. Em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, os dez pichadores do cemitério da cidade, que também tinham pichado muros e portões de residências, limparam suas marcas sob o olhar e os xingamentos dos moradores da região. Na Santa Casa de Belo Horizonte, outros sete pichadores da gangue DPC (Demônios Pichadores da Cachoeirinha) também fizeram a remoção da sujeira. Como os pichadores de Betim, a gangue DPC teve que suportar as provocações de pessoas que passavam pelo local. Cristiano Augusto Soares, 18, que se apresentou espontaneamente à polícia, se dizia arrependido. "Eu pichava porque queria ficar famoso e as mulheres ficam loucas com os homens famosos", disse Cristiano. "Isso está por fora agora", concluiu. Ele se apresentou à polícia por temer ser preso, já que é maior de idade. Também em Santa Luzia (MG), na igreja matriz da cidade, construída no século 18, os pichadores "Curuja" e "Coisa", ambos de 17 anos, limparam as paredes externas do prédio. Há 11 dias, quando a polícia já havia iniciado a perseguição aos pichadores, a igreja de Santa Luzia foi pichada e um desafio lançado pelos adolescentes: "Perdemos a batalha, mas não a guerra". Com a ajuda do disque-pichação, lançado pela polícia, várias denuncias anônimas foram feitas e o trabalho policial facilitado. No caso de "Curuja", quem fez a denúncia foi seu próprio pai, José Patrocínio de Oliveira, 51, que não sabia das pichações do filho. "Curuja" disse que o pior da história foi "passar pela humilhação" de ver a cidade revoltada com ele. "Não pensei nas consequências", disse o arrependido pichador. Texto Anterior: Mato Grosso do Sul; Goiás Próximo Texto: Cidade gaúcha faz protesto contra prefeito Índice |
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