São Paulo, sábado, 21 de janeiro de 1995 |
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Juro do crediário ultrapassa 300%
FIDEO MIYA; MÁRCIA DE CHIARA
Dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostram que as consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), termômetro das vendas a prazo, cresceram 42,7% entre 2 e 19 de janeiro em relação a igual período de 94. Atualmente, o SPC recebe 26.467 ligações por dia, contra 18.549 no ano passado. Há uma distância cavalar entre os juros pagos pelo consumidor no crediário e os que são recebidos pelo investidor nas aplicações. Uma aplicação feita em CDB prefixado para grandes quantias no último dia 2 vai render 3,27% brutos, ou 2,94% líquidos, após o desconto do IR na fonte. Já a caderneta de poupança com aniversário no dia 1º vai render 2,61%. Isso significa que o consumidor que deixou o dinheiro aplicado napoupança e comprou a prazo está pagando uma diferença de 6% a 9,5% ao mês (101% a 197% ao ano). Ou seja, em cada R$ 100, paga entre R$ 6 e R$ 9,50 mensais (R$ 101 e R$ 197 anuais) a mais no crediário do que recebe de rendimento na caderneta. Desde a semana passada, quando entrou em vigor a Lei nº 8.979, as lojas estão obrigadas a informar as taxas de juros cobradas nas vendas a prazo na publicidade. Se consumidor comprar pelo crediário um produto que custa R$ 500 à vista e pagar um juro de 17% ao mês em nove parcelas iguais de R$ 84,76, o valor total a prazo será de R$ 762,84: valor equivalente a 3,1 parcelas correspondem aos juros de R$ 262,84. Marcel Solimeo, economista da ACSP, diz que o consumidor acaba pagando altas taxas de juros porque verifica apenas se a prestação cabe dentro do salário na hora de optar pelo crediário. "Ele compra a prazo ou não compra. Não há outra saída", diz Solimeo. O diretor técnico da Acrefi, Flávio Pacheco, não descarta a hipótese de que as taxas do crédito direto ao consumidor subam na próxima semana, influenciadas pela elevação dos juros pagos pelos bancos nos CDBs prefixados desde a última segunda-feira. Os bancos culpam a chamada "cunha fiscal" pela diferença cavalar entre as taxas pagas nas aplicações de CDB prefixado e as cobradas no crediário. Ela é formada pelos impostos (PIS, IOF e IR que incidem nas operações financeiras) e principalmente pelos compulsórios de 27% sobre os depósitos a prazo e de 15% sobre o crédito. Esses compulsórios recolhidos ao Banco Central somam R$ 40 bilhões. Segundo o diretor financeiro do Banco BMC, Paulo Mallmann, o impacto desses compulsórios na taxa de captação dos bancos é de 9,5% a 10% ao ano. Ou seja, se um banco paga 52% ao ano ao investidor do CDB, o custo de captação que será repassado ao tomador de empréstimo sobe para 66,44% a 67,20%. Sobre esse custo, são acrescidos os lucros da instituição financeira, os impostos e as despesas com os empréstimos. O diretor financeiro do Banco Fenícia, César Locatelli, observa também que as taxas aumentam para os prazos maiores. Isso porque as operações são prefixadas e aplica-se uma taxa para compensar o risco de que a inflação e os juros subam no período do empréstimo. Texto Anterior: Cegonheiros decidem suspender greve; Valor de condomínio se reduz em janeiro Próximo Texto: Olho no sul; Sinal verde; Para diversificar; Na agenda; Outro latino; Na baixa temporada; Lucro na tela; Presença notada; Êxito na obstrução Índice |
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