São Paulo, sábado, 21 de janeiro de 1995 |
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Especial revela origem do 'novo humor'
HÉLIO GUIMARÃES
O programa, dirigido por Geraldo Casé, apresenta tudo o que ainda hoje se faz de mais ousado na Globo em termos de humor. Exagero, escracho, ironia e auto-ironia, besteirol, carnavalização e muitos efeitos de som e imagem são os ingredientes que Geraldo Casé aplicou à adaptação da obra de Gogol. Os mesmo ingredientes que constituem as adaptações da "Terça Nobre". A diferença é que o besteirol e a fórmula de "carnavalizar tudo" ainda faziam sentido quando o programa foi produzido, no começo dos anos 80. Ao contar a história do severo regime do czar Nicolau 1º, baseado na força militar e na corrupção, a adaptação de "O Inspetor Geral" ironiza o ciclo militar brasileiro, que então se abrandava mas ainda não tinha chegado ao fim. A referência, como os tempos pediam, é alegórica. Ou melhor, explicitamente carnavalesca. Clovis Bornay faz o papel do czar. Hoje, tudo aquilo pode parecer datado. Mas em 1983, logo depois da abertura democrática e ainda durante o governo do general João Batista Figueiredo, a carnavalização fazia sentido. O besteirol também. Ele efervescia com o grupo teatral "Asdrúbal Trouxe o Trombone" e marcava presença no programa com a participação de Patrícia Travassos. Foi do "Asdrúbal" que saíram nada menos que a própria, além de Luis Fernando Guimarães e Regina Casé, filha de Geraldo Casé. Impossível deixar de comparar o humor de "O Inspetor Geral" com o que se vê hoje na Globo. Quase tudo está lá. Guel Arraes inovou muito com o "TV Pirata" e o "Programa Legal", mas as adaptações da "Terça Nobre" acrescentam pouco ao que Geraldo Casé fez há 12 anos. O articulista JOSÉ SIMÃO está em férias até a segunda semana de fevereiro Texto Anterior: Camille e Glennda comentam NY em vídeo Próximo Texto: Freud é o modelo ideal para antitabagistas Índice |
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