São Paulo, sábado, 21 de janeiro de 1995
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'Corina' combina bem comédia e drama

FERNANDA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Corina - Uma Babá Perfeita" não é uma comédia escrachada feita sob medida para a engraçada Whoopi Goldberg. Nesse sentido, o filme de estréia da diretora Jessie Nelson é uma surpresa. Uma boa surpresa.
Ao mesmo tempo, não há muitas surpresas, é claro, no enredo pai fica viúvo e encontra babá ideal para cuidar de sua filha e dele. Nesse outro sentido, "Corina" é tão previsível quanto qualquer melodrama pode ser.
A graça do filme está justamente na maneira como junta essas duas coisas. Consegue ser uma comédia de muito boas cenas e retrata o drama de forma sincera e bastante delicada.
Depois da cena clássica da entrevista com as babás (as mulheres mais absurdas passam pela frente do pai), o recém-viúvo Manny (Ray Liotta) contrata Corina (Whoopi Goldberg), sobretudo por falta de opção.
Despachada e bem-humorada, Corina vai logo se entender com Molly (Tina Majorino), a menina de sete anos que parou de falar depois que a mãe morreu. Logo tudo vai estar muito bem entre Manny, Corina e Molly.
Mas Corina é negra e Manny e Molly judeus. O filme se passa na década de 50 e os vizinhos vão reparar. O conflito está armado para se desarmar.
Uma viúva jovem e judia (Wendy Crewson) entra em cena para disputar o coração de Manny. A menina Molly faz o que pode para atrapalhar.
Mas as melhores cenas estão entre as que Whoopi Goldberg divide com a menina Tina Majorino. Em vez de levar Molly para a escola, Corina a leva para fazer faxina em casas bacanas, seu bico para ganhar mais dinheiro.
Nessas horas, a diretora usa o recurso de acelerar as cenas, como nas comédias do tipo mais pastelão, e funciona. São boas também as cenas das crianças, quando Corina e Molly vão passar a tarde num bairro de negros, na casa onde a babá mora, com sua irmã, o marido dela e seus três filhos.
A diretora Jessie Nelson leva até que bem a questão do preconceito racial. Corina é formada em música e seu sonho é escrever críticas em uma revista. Mas ela sabe que os diretores de revista pensam que "os negros são bons para tocar música e não para escrever sobre isso".
O lado amargo da questão do preconceito fica para sua irmã e o lado mais esperto, para as crianças. Molly gosta tanto de Corina e seus sobrinhos que passa a usar trancinhas no cabelo todo.
"Corina" não é o melhor filme dos últimos tempos, mas cai muito bem nesta época de vacas magras de Hollywood. O filme ganha o espectador pela sua simplicidade e também pelas excelentes atuações de Goldberg e da menina.
Até Ray Liotta, com sua cara um pouco de bobão, está bem como o pai que não sabe muito o que fazer com a filha.
É melhor do que se podia esperar.

Filme: Corina - Uma Babá Perfeita
Produção: EUA, 1994, 114 min.
Direção: Jessie Nelson
Roteiro: Jessie Nelson
Elenco: Whoopi Goldberg, Ray Liotta, Tina Majorino, Wendy Crewson, Joan Cusack e Don Ameche
Onde: nos cines Olido, Butantã, Cinearte, Arouche A, Belas Artes, Biarritz, Morumbi, Interlagos e Aricanduva

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