São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 1995
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Laticínio argentino triplica venda de leite

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A empresa líder do setor de laticínios na Argentina, a Mastellone Hermanos, vai ampliar sua atuação no Brasil este ano. Estimulada pelo crescimento nas vendas de seu leite longa vida com sulfato ferroso La Serenisima, lançado em abril passado, a Mastellone decidiu colocar no mercado paulista a partir de março o longa vida comum, sem sulfato ferroso.
Segundo Carlos Alberto Rosso, gerente da Mastellone Hermanos do Brasil, criada no início de 94, as vendas do longa vida com ferro ficaram em 600 mil litros mensais de abril a agosto.
Na onda do Plano Real, a empresa baixou os preços e elevou as vendas do produto para 2,1 milhões de litros.
Com o lançamento do longa vida comum, a comercialização dois dois produtos juntos deve ser ampliada para 3 milhões de litros por mês, segundo Rosso.
A Mastellone espera faturar no Brasil este ano US$ 23 milhões com a marca La Serenisima, incluindo também uma linha de leite em pó com e sem sulfato ferroso.
No ano passado, a marca La Serenisima teve receita quase três vezes menor no país (US$ 8 milhões).
A redução progressiva das alíquotas de importação de leite no âmbito do Mercosul até sua extinção e a elevação da tarifa de importação do leite europeu para 35% estimularam a Mastellone a ampliar seus negócios no Brasil.
"A entrada de leite europeu subsidiado reduzia a competitividade do produto argentino", diz Carlos Rosso.
Anima os argentinos, ainda, o aquecimento na demanda por alimentos a partir de agosto do ano passado, provocado pelo Plano Real.
"A produção brasileira de leite é insuficiente para atender a demanda interna. Podemos complementar as necessidades de consumo do Brasil", afirma.
Só em publicidade, a Mastellone investiu US$ 1,35 milhão em 94 e planeja desembolsar este ano US$ 1,8 milhão para divulgar seus produtos no Estado de São Paulo.
A Mastellone, segundo Rosso, reduziu o preço do La Serenisima a partir de agosto passado em torno de 15% a fim de consolidar a marca no Brasil.
"Mas nosso produto tem ainda custo superior ao longo vida comum justamente por ser enriquecido com sulfato de ferro", explica Rosso.
Esse tipo de leite foi lançado na Argentina no início do ano passado e sua tecnologia é inédita no mundo, diz Rosso.
A tecnologia para enriquecer o leite com sulfato de ferro foi desenvolvida durante oito anos. Segundo a Mastellone, seu longo vida com sulfato ferroso supre 31% das necessidades diárias de ferro da criança e 21% das do adulto.
Por isso, a empresa intensificou seu marketing junto a médicos e à população destacando a importância do produto no combate à anemia.
O processo de enriquecimento do leite com ferro mantém sabor e cor originais do leite, segundo a empresa.
"Estamos interessados em negociar a venda dessa tecnologia para empresas brasileiras", afirma Rosso.

LEIA MAIS
Sobre leite argentino na pág. 6-3

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