São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 1995
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Trauma pode causar distúrbio em crianças

DA REDAÇÃO

Ao contrário do que se acreditava, crianças com menos de quatro anos de idade podem sofrer de distúrbios psíquicos após um trauma.
Chamado de distúrbio do estresse pós-traumático, o problema é normalmente identificado em crianças mais velhas ou adultos que sobrevivem a eventos traumáticos, como abusos físicos ou guerras.
Supunha-se que crianças menores não podiam sofrer do distúrbio devido ao baixo desenvolvimento intelectual e perceptivo delas.
Em artigo publicado na edição de fevereiro da revista Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, cientistas concluíram que os critérios atualmente usados para identificar o distúrbio em crianças são inadequados.
O pesquisador analisou 12 casos de crianças que vivenciaram ou testemunharam um evento traumático e 20 casos relatados na literatura técnica.
No estudo, eventos traumáticos incluíam, entre outros, uma simples mordida de cachorro, abuso físico ou visão de um dos pais ser assassinado.
Quase nenhuma das crianças receberam o diagnóstico pelos critérios tradicionais, que exigem que a criança se comunique verbalmente com o médico.
Apesar disso, várias das 20 crianças anteriormente analisadas estavam tão perturbadas que precisaram ser encaminhadas a tratamento psiquiátrico.
Adequando os critérios tradicionais ao grau de desenvolvimento de cada criança, Scheeringa criou um novos parâmetros para a detecção do distúrbio.
Um dos novos critérios, por exemplo, se baseia em jogos que se assemelham a um evento traumático.
Com os novos procedimentos, o distúrbio foi detectado em 9 das 12 crianças analisadas.
Como eles se baseiam na observação de comportamentos, há menor necessidade para o examinador fazer inferências a partir de pensamentos e emoções de uma criança perturbada.
Entre os comportamentos associados ao distúrbio do estresse pós-traumático, Scheeringa cita a regressão na linguagem e nos hábitos de higiene, comportamentos agressivos e pesadelos.
Se confirmados por novos estudos, os novos critérios poderão levar a uma identificação mais rápida do distúrbio e a um tratamento mais eficaz.

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