São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 1995
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Israel mantém processo de paz

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Entre promessas de manter o processo de paz e protestos e manifestações de árabes e judeus, foram enterrados ontem os 19 israelenses mortos no atentado suicida ocorrido no domingo. Milhares de pessoas participaram dos funerais.
Na faixa de Gaza, centenas de palestinos foram às residências dos dois supostos autores do atentado em comemoração pelo ataque.
"O movimento islâmico envia condolências para as famílias dos heróis que mataram 20 porcos e feriram 60 macacos", disse um homem por um alto-falante.
Manchetes fortes dos jornais e cenas de TV de palestinos comemorando o ataque aumentaram a pressão popular para que o governo israelense interrompa o diálogo de paz com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
O ministro da Polícia israelense, Moshe Shahal, disse que palestinos "não são capazes de fazer parte da humanidade civilizada" e pediu o fechamento definitivo das fronteiras entre Israel e os territórios de Cisjordânia e Gaza.
O premiê israelense, Yitzhak Rabin, voltou a defender a continuidade do processo de paz. "Não há alternativa", disse.
O chanceler israelense, Shimon Peres, disse que vai exigir uma ação mais dura do líder da OLP, Iasser Arafat, contra os radicais.
Um membro da OLP, que não quis se identificar, garantiu que a Autoridade Palestina em Gaza e Jericó (comandada pela OLP) será mais rigorosa com os radicais.
"Agora não prenderemos os líderes e ativistas destes grupos e os soltaremos dias mais tarde. Vamos cortar suas atividades pela raiz."
O movimento radical muçulmano Jihad Islâmica assumiu a autoria das duas explosões, ocorridas na manhã de domingo em um ponto de ônibus onde se encontravam várias pessoas, na maioria soldados israelenses. O ataque deixou 61 feridos. A organização diz que fará mais atentados.
Segundo a Jihad, duas pessoas seriam responsáveios pelas explosões. A polícia israelense não encontrou nenhum indício do segundo terrorista.
A Jihad é um dos grupos radicais islâmicos que se opõem ao acordo de paz entre a OLP e Israel. O movimento xiita libanês Hezbollah apoiou o atentado.
O embaixador de Israel na ONU, Gad Yaacobi, disse que "alguns Estados da região" devem ser considerados responsáveis, referindo-se ao apoio de Síria e Irã aos grupos radicais.
Dois jovens palestinos acusaram soldados de tê-los espancado e deixado inconscientes numa vala na Cisjordânia. O Exército nega.
O governo israelense autorizou ontem o Shin Bet (serviço secreto) a usar mais dureza nos interrogatórios de suspeitos de terrorismo.

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