São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 1995
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Familiares ansiosos aguardam retorno

ROGERIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

A família Takaki, de Montes Claros (430 km ao norte de Belo Horizonte), aguarda ansiosa a chegada do vôo 833 da Varig.
Nove integrantes da família embarcaram ontem em Tóquio e devem chegar hoje no Brasil. Outras sete pessoas ficaram no Japão.
"Alguns não quiseram voltar, apesar do susto", afirma Julieta Yae Hayakawa, 42. Ela escapou por pouco do terremoto. Retornou ao Brasil no último dia 14 com o marido, Yukinobu Hayakawa, 46.
Julieta e o marido trabalhavam na fábrica de alimentos Daily Cookie, assim como a maioria da família. Eram vizinhos e colegas de trabalho de Márcia Helena Ueda, 26, encontrada morta na quinta.
Julieta aguarda hoje o retorno de três irmãos, um cunhado, três sobrinhos e do filho, Shigueyuki Hayakawa, 16, e a namorada, Elaine D'Andrea, 16, grávida de seis meses.
Shigueyuki e Elaine trabalhavam em um hotel na ilha de Awajishima, epicentro do terremoto.
"Eles me ligaram logo depois, dizendo que todos da família estavam bem", afirma Julieta.
Apesar de tranquilizada pelos telefonemas, Julieta diz que ainda está apreensiva. "Só ficarei tranquila quando vir os dois aqui em Montes Claros."
O rapaz Akio Maeda, 19, que vivia em Kobe com o pai, Hélcio Maeda, 45, corre o risco de ficar paralítico. Ele estava na casa de um amigo e o prédio desabou com o terremoto. Akio ficou soterrado por quase 12 horas e sofreu uma lesão na medula espinhal.
Segundo o avô de Akio, Tomio Maeda, 72, ele será operado entre hoje e amanhã. "Somente após a operação é que saberemos exatamente qual é o seu estado. O médico disse que ele tem 90% de chances de perder o movimento nas pernas", afirmou.
Além de Akio, há uma outra brasileira, Akiko Fujioka Bueno, 39, internada no hospital universitário de Osaka. Ela quebrou a bacia, e não pôde retornar ao Brasil.
Akiko é irmã de Taeko Fujioka Stafussi, que perdeu o marido e os filhos no terremoto. Mirce Tamiko Bueno, 16, e Ionio Reinaldo Bueno, 22, filhos de Akiko, também estão em Osaka.
José Carlos Bueno, marido de Akiko, viaja na sexta-feira para o Japão, para tentar trazer a mulher e os filhos de volta para o Brasil.
"Talvez tenhamos que esperar algumas semanas para que Akiko possa viajar. Dependemos de autorização médica", afirma.

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