São Paulo, quarta-feira, 25 de janeiro de 1995
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O muro de volta

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A história andou mais rápido, outra vez.
Yitzhak Rabin surpreendeu a CNN e o mundo ao falar da separação de israelenses e palestinos. Foi um pronunciamento na rede de televisão IBA, de Israel, reproduzido em parte pela CNN e, através dela, pelas redes do Brasil.
Segundo a Globo, o governo israelense anunciou para tanto a construção de uma cerca de 380 quilômetros na fronteira com a Cisjordânia.
O ministro que fez a proposta disse à rádio Israel, também citada pela CNN, que a divisão viria por motivo de segurança, "mas seria também uma cerca de demarcação, para separar-nos deles".
A cerca evitaria a entrada dos "extremistas islâmicos" de que o primeiro-ministro falou no pronunciamento, todo ele carregado de referências religiosas. Por exemplo, sobre o orgulho de ser filho do povo judeu, "que em dois mil anos de exílio preservou a sua fé, a sua religião".
Apanhada de surpresa, a Globo foi a emissora brasileira que viu com maior presteza o acontecimento histórico. "A construção da cerca entre palestinos e israelenses é anunciada logo depois de o mundo comemorar os cinco anos da queda do muro de Berlim."
Desta vez o motivo, tanto quanto político, é religioso. Uma guerra santa, e fria.
Sem reclamação
Alexandre Garcia faz o que pode, com o que tem.
Ontem, na Globo, era obrigado a justificar a decisão do governo de vetar o aumento do salário mínimo:
– Por enquanto, vai ser impossível. O presidente vai ter que vetar para não prejudicar o real através de um rombo na previdência.
Dourando a pílula:
– Mesmo assim, o presidente pediu ao ministro Reinold Stephanes, hoje, um estudo sobre a possibilidade de incorporar o abono.
E tem mais:
– De qualquer forma, o salário mínimo aumenta a partir de 1º de maio, com a incorporação do IPC-r. Dá mais de 20%.
Portanto, nada de ficar reclamando, afinal:
– O presidente acha justo aumentar o salário mínimo, mas diz que só vai ser possível depois de reformar a previdência, o que vai ser a prioridade número 1 do governo no Congresso, a partir do mês que vem.

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