São Paulo, quarta-feira, 25 de janeiro de 1995 |
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FHC sobe no muro e joga peteca tucana
BARBARA GANCIA
A nova modalidade pede dois jogadores, algumas batatas quentes e um muro. Utilizando o princípio clássico da peteca, um dos participantes fica em cima do muro (a posição em que FHC joga) e procura rebater as batatas quentes enviadas pelo adversário. Ganha quem fizer o oponente engolir mais batatas. Por enquanto, FHC não se mostrou um bom jogador de peteca tucana. Não rebateu a batata quente do salário mínimo e chutou, na calada, a anistia a Humberto Lucena no meio das pernas do adversário. Outra pergunta: é preciso ser intelectual respeitado pelo Collège de France para ser campeão de peteca tucana? Eu mesma pergunto, eu mesma respondo: sei não. Pelo visto, para lidar com as gangues que operam no Congresso e Senado é mais oportuno ter mestrado em manuseio de peixeira ou PhD em rasteiras. Outro dia, em uma dessas festinhas da mondanité paulistana, o senador Gilberto Miranda (PMDB-AM), aquele que acaba de inaugurar um salão de festas de 1.000 m2 em sua casa em Ilhabela, me confidenciou: "Não adianta FHC querer negociar nada com ninguém sem ter articulador político." Para peitar bandido, segundo o senador, é preciso conhecer as entranhas do banditismo. Os primeiros 25 dias do governo FHC indicam que o presidente, além de ruim de peteca, está mais perdido do que totó em dia de mudança. Não foi muito diferente o primeiro mês de Collor. À época, a mentira era o confisco. Hoje, é o déficit. À época, Collor ameaçava o funcionalismo. Hoje, THC, digo, FHC ameaça descriminar a maconha e acabar com a mutreta das concessões de TV. Ontem e hoje, é tudo ar quente. A democracia é uma arte que se aprimora homeopaticamente. Não adianta entrar chutando a porta. Mesmo que o chefe de Estado saiba recitar Ricardo de olhos fechados. Texto Anterior: Teor irregular é problema grave Próximo Texto: Alto lá!; Proust; Xerox Índice |
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