São Paulo, quarta-feira, 25 de janeiro de 1995
Próximo Texto | Índice

BC volta a estimular exportação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A crise econômica do México fez o Banco Central voltar a estimular as exportações ontem. Foram liberados os pagamentos antecipados de exportações com prazo de 360 dias, beneficiando principalmente grandes exportadores de produtos agrícolas.
Há duas semanas, o BC extinguiu o recolhimento compulsório de 15% sobre os ACCs (Adiantamentos de Contratos de Câmbio, principal instrumento para financiar exportações), imposto em outubro.
Segundo o diretor de Política Monetária do BC, Alkimar Moura, a medida adotada ontem "é uma tentativa de resposta ao novo cenário internacional", em referência à crise mexicana.
O México vive ameaça de escassez de dólares devido, entre outros fatores, à acumulação de déficits comerciais. Ao estimular as exportações, o BC pretende garantir saldos positivos na balança comercial do país.
Pelo pagamento antecipado, o exportador brasileiro recebe com antecedência de até um ano os dólares de uma venda externa. O pagamento é feito pelo importador, com desconto calculado a partir dos juros internacionais.
A operação é mais utilizada nas exportações de gêneros agrícolas.
Segundo o chefe do Firce (Departamento de Fiscalização e Registro de Capitais Estrangeiros do BC), Márcio Cartier, há cerca de US$ 300 milhões em pedidos acumulados para a operação.
Cartier disse também que a medida foi tomada devido aos déficits comerciais registrados pelo país em novembro e dezembro, que somaram cerca de US$ 1,3 bilhão.
Segundo a área técnica do BC, a liberação do pagamento antecipado de exportações tem efeito menor que o fim do compulsório sobre ACCs –que, sozinho, poderia reverter a tendência deficitária da balança a partir de fevereiro.
Os técnicos avaliam que as duas medidas combinadas não evitarão novo déficit comercial este mês.
A partir de março, quando as exportações devem superar com folga as importações, o governo enfrentará de novo o problema que gerou a restrição às exportações em outubro: os dólares que entram no país são trocados por reais e inflam a quantidade de dinheiro na economia, gerando inflação.

LEIA MAIS
Sobre câmbio na pág. 2-4

Próximo Texto: México recebe US$ 23,6 mi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.