São Paulo, quarta-feira, 25 de janeiro de 1995
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Geração perdida

THALES DE MENEZES

Aaron Krickstein venceu Stefan Edberg no Aberto da Austrália. Muita gente por aí pode estar saudando o norte-americano como uma grande zebra, mas a verdade é que Krickstein, 27, tem muito talento e já demonstrou isso. Pena que ele faça parte de um grupo muito peculiar de jogadores. São tenistas que nunca conseguiram se firmar no profissionalismo com o destaque que todos esperavam.
Para falar só de norte-americanos, vale lembrar Krickstein, Dick Stockton, John Sadri e Jimmy Arias. Krickstein é uma espécie de Bjorn Borg "made in USA". Não tem a mesma frieza e precisão do campeão sueco, mas norteia seu jogo pela máxima de Borg: o que importa é passar a bolinha do outro lado. Verdadeira máquina de rebater, ganhou o apelido de "the wall" (paredão) dos colegas e adversários. Depois de encostar nos "top ten" aos 20 anos, iniciou uma trajetória irregular, prejudicado por contusões. Foi capaz de ficar seis meses sem vencer um jogo e depois derrotar Becker, Stich e Courier na mesma semana. Dessa vez, Edberg pagou o pato.
Dick Stockton é outro que não conseguiu desenvolver seu potencial. Em seus tempos de juvenil, teve os melhores resultados da história do tênis norte-americano. Quando se tornou profissional, chegou à posição nº 10 do ranking, ficou pouco tempo por lá e depois sumiu. Hoje é professor de tênis e diz que se decepcionou com os torneios.
Mais surpreendente foi a curta carreira de John Sadri. Com um saque devastador, ele foi a "asa negra" de John McEnroe. Nos torneios juvenis e colegiais, Sadri venceu McEnroe 13 vezes em 15 confrontos. Num deles, pelo campeonato universitário de 1977, Sadri venceu após quatro horas de jogo e cinco sets decididos no tie-break. Quando virou profissional, disputou uma dúzia de torneios e desistiu. Retomou os estudos, se formou advogado e hoje voltou ao tênis, como técnico.
Já Jimmy Arias estourou cedo demais. Antes de toda essa precocidade que existe no tênis atual, aos 15 anos ele vencia adversários profissionais. Teve um começo fulminante no circuito. Chegou a nº 5 do ranking mundial, ganhou 11 torneios e, de uma hora para outra, despencou na classificação, sofrendo com contusões. Hoje dá entrevistas lamentando o que chama de "infância desperdiçada".
Esses quatro tenistas formariam uma equipe dos EUA que poderia vencer fácil a Copa Davis. Mas o destino pregou peças em todos.

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