São Paulo, quarta-feira, 25 de janeiro de 1995
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O. J. matou por ciúme, diz acusação

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O ator e ex-jogador de futebol americano O. J. Simpson matou a sua ex-mulher por ciúme, afirmou ontem a promotoria nos seus primeiros argumentos ao júri que vai decidir o destino do ex-atleta.
"Ele matou Nicole porque ele não podia mais tê-la e se ele não podia ter Nicole, ninguém mais a teria. Matando Nicole, ele cometeu o derradeiro ato de controle", afirmou o promotor-assistente Cristoher Darden.
A principal promotora do caso, Marcia Clark, deu aos jurados a sua versão das ações de Simpson na noite de 12 de junho de 1994.
Segundo ela, Simpson teve 70 minutos para matar Nicole Brown e o amigo dela, Ronald Goldman.
Goldman, garçom do restaurante Mezzaluna, onde Brown havia jantado, foi à casa dela para levar um par de óculos que ela havia esquecido sobre a mesa.
Darden disse aos jurados que eles iriam conhecer "a outra face" de O. J. (pronuncia-se "oujêi") Simpson durante o julgamento: a de um homem doentiamente possessivo, controlador, violento, que tentou dominar sua mulher por todos os meios possíveis.
Simpson, negro, conheceu Brown, loira, quando ele ainda era um dos mais famosos jogadores de futebol americano no final da década de 70, e ela uma jovem de 18 anos que deixara a casa dos pais.
A promotoria diz ter provas de dezenas de incidentes ao longo da relação entre os dois em que Simson agrediu física e verbalmente Nicole para forçá-la a ficar com ele e agir conforme seus desejos.
A tese da acusação é que, quando constatou que Nicole Brown estava finalmente decidida a tirar Simpson de sua vida, dois anos após terem se divorciado, ele resolveu matá-la.
Não há testemunhas do crime nem foi achada a arma com que Brown e Goldman foram esfaqueados em frente à casa dela, em Los Angeles, Califórnia, costa oeste dos Estados Unidos.
O juiz do caso, Lance Ito, decidiu ontem que o réu não poderá se dirigir ao júri antes de seus advogados, conforme a defesa havia solicitado na véspera.
Simpson desejava dizer aos jurados que ele é inocente.
Nos últimos 25 anos, O. J. Simpson esteve entre as personalidades mais admiradas pelo público dos Estados Unidos.
As histórias de violência contra a ex-mulher nunca haviam sido divulgadas pelos meios de comunicação de massa.
Simpson é a pessoa mais famosa e mais rica jamais julgada por homicídio na história dos EUA. Seu caso tem sido o assunto mais comentado em todo o país nos últimos sete meses.
A defesa deveria apresentar seus primeiros argumentos após a promotoria. Isso poderia ocorrer na tarde de ontem (noite em Brasília) ou hoje de manhã, conforme o tempo tomado pela acusação.
A tese da defesa é que a morte de Brown e Goldman ocorreu devido a envolvimento dos dois com o tráfico de drogas. Os advogados de Simpson têm testemunha que diz ter visto o carro do réu em sua casa na hora do crime.
Ela é uma empregada doméstica de uma casa vizinha. Na noite do crime, depois de ter ido com a ex-mulher a um recital da dança com os filhos, Simpson jantou fora com um amigo, foi para a casa e viajou para Chicago.

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