São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 1995
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Rolling Stones reúnem fãs de três gerações

LÚCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

As cinco apresentações dos Rolling Stones no Brasil vão reunir fãs de pelo menos quatro gerações em São Paulo e no Rio. São pessoas que acompanham a banda desde que surgiu, em 1962, e outras que nasceram muito depois, mas conheceram o grupo através dos pais ou dos avós.
"Eles sempre foram um estímulo para mim. Uma fonte da juventude", afirma o produtor musical Ezequiel Neves, 60, que já foi a três shows dos Stones.
A Folha entrevistou quatro admiradores dos Stones com idades que variam de 24 a 47. Leia a seguir o perfil dos fãs.

INGLÊS COM OS STONES
Pilar de Castro, 24, começou a aprender inglês com os Rolling Stones aos 13 anos. "Queria entender as letras." Ela ouvia os discos do pai, que tinha toda a coleção de long-plays.
Dessa época, ela tinha uma "rival musical": uma colega de escola que defendia os Beatles e achincalhava os Stones. "Achava que os Beatles eram muito arrumadinhos, como ela."
Com 22 anos, resolveu ir morar com o marido, Gil, em Mauá (RJ) –reduto de "bichos-grilo". Lá criava abelhas. Voltou para São Paulo no ano passado e está prestando vestibular para veterinária.
Quando soube que os Stones iriam tocar em São Paulo, Pilar diz que ficou "desesperada". "Amanheci na fila."

'COOL' CHARLIE WATTS
O show mais importante na vida de Celso Getz, 31, foi o do baterista Charlie Watts, que tocou em São Paulo em 92 sem o resto dos Stones. "Queria muito falar com ele e consegui. Mas fiquei decepcionado porque ele é muito frio."
Getz é o Charlie Watts de uma banda cover dos Stones que ele formou há sete anos. Desde a formação, existem dois Getz: o engenheiro, que trabalha das 8h às 17h, e o roqueiro, à noite.
Getz vai aos três shows dos Stones em São Paulo.

REBELDIA CONTROLADA
A única rebeldia que o engenheiro Aristóteles Nascimento Filho, 42, diz ter feito na vida foi gostar dos Rolling Stones.
"Eu era tímido, quase não falava. Ficava fascinado com a liberdade dos Stones."
Filho de coronel do Exército, Aristóteles nunca usou drogas, não bebe e não fuma. "Sempre fui certinho. O que eu queria era dar um beijo na boca do Mick Jagger".

'ROCK'
"Gostaria de ter a cara do Elvis (Presley), a voz do Ray Charles e a performance de palco do Mick Jagger", diz o roqueiro Oswaldo Vecchione, 47, conhecido como "Rock". Ele vai a todas as apresentações dos Stones no Brasil.
Vecchione é vocalista e baixista da banda Made in Brazil.
A trajetória de Vecchione é muito semelhante a de Mick Jagger: casou seis vezes e teve seis filhos, quatro deles têm nomes que lembram os Stones.
"É muito difícil ter uma família com essa vida. Só ela me aguenta", afirma, se referindo a Débora, atual mulher e cantora da banda, com quem casou quatro vezes. "Ele adora dar bis."

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