São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Capitalismo chinês muda as tradições

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

As transformações provocadas pela revolução capitalista quebram valores tradicionais na sociedade chinesa, mostrou uma pesquisa publicada domingo em Pequim.
Divórcio, não desprezar uma filha que nasce e recusa ao casamento sem amor são idéias que ganham maior aceitação na capital.
A Academia de Ciências Sociais da China entrevistou 2.000 pessoas em Pequim para formar esse quadro. A partir de 1978, a China comunista abriu-se para o capitalismo e a influência ocidental.
Há 20 anos, uma pessoa divorciada corria o risco de ser rejeitada por sua comunidade. Hoje, os pequineses aceitam melhor o divórcio. Na pesquisa, 85% dos entrevistados disseram que um casal deve se separar caso haja motivo.
Pouco mais de 75% dos entrevistados, indica o estudo, disseram que ter um filho ou uma filha representa a mesma coisa. Na China, tradicionalmente a preferência recaía para filhos do sexo masculino, o que abriu espaço para histórias de venda ou até mesmo assassinato de filhas recém-nascidas, sobretudo na área rural.
Aceitar o divórcio e a filha se soma à novidade de se rejeitar os casamentos arranjados, outra tradição chinesa. A pesquisa registrou 77,2% dos entrevistados dizendo que sem o parceiro ideal, é melhor continuar solteiro.
Mas, quando as perguntas invadiram o assunto sexo, verificou-se a sobrevivência de tradições conservadoras. Houve 80,9% de entrevistados contrários a relações sexuais antes do casamento. Se a pesquisa tivesse sido realizada há dez anos, a cifra teria sido ainda maior, avalia Wang Zhenyu, um dos pesquisadores.
O estudo também apontou para o aspecto material da vida chinesa: 66% dos entrevistados disseram-se insatisfeitos com sua renda. Atualmente, um salário médio em Pequim atinge 500 yuan (US$ 61).
O painel também apurou as duas principais formas de lazer: ver TV e leitura. Frequentar clubes noturnos e karaokês estaria fora do alcance de um orçamento médio.

Texto Anterior: Brasileira acompanha cremação de parentes
Próximo Texto: Escritor faz filme sobre o Holocausto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.