São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 1995
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Dini consegue voto de confiança

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro da Itália, Lamberto Dini, obteve ontem um voto de confiança da Câmara dos Deputados ao seu governo, o 54º no pós-Guerra, mas não resolveu o impasse político do país.
O chamado "governo de técnicos" de Dini, formado por tecnocratas e acadêmicos não ligados aos partidos políticos, foi aprovado com o apoio dos partidos de centro e de esquerda.
O novo governo obteve 302 votos a favor, 39 contra e 270 abstenções. O total de votos favoráveis (302) é inferior à soma dos "nãos" e das abstenções (309).
Antes de poder governar de fato, o governo de Dini ainda tem que se submeter a um voto de confiança do Senado, o que deve ocorrer na próxima quarta-feira.
Apesar dos apelos de última hora feitos por Dini, o empresário Silvio Berlusconi e seus aliados recusaram apoio ao novo governo.
Numa última tentativa de conquistar a adesão de Berlusconi, Dini se comprometeu, em discurso ontem de manhã na Câmara, a fazer um governo de "vida curta".
O primeiro-ministro prometeu renunciar assim que concluir os quatro pontos de seu governo: reforma do Orçamento, reforma na Previdência, mudanças na lei eleitoral e democratização do acesso dos partidos à televisão.
Ex-ministro do Tesouro do governo Berlusconi, Dini tentou seduzir o empresário afirmando que fará um governo de "continuidade", com ênfase nos cortes dos gastos públicos.
O discurso não foi suficiente para convencer Berlusconi. O empresário queria que Dini se comprometesse a renunciar em abril e convocar eleições gerais para junho de 95 –compromisso não assumido pelo primeiro-ministro.
Após a aprovação do voto de confiança, Berlusconi disse que a abstenção de seus aliados não representava "um não ao governo, mas um sim, com reservas".
O empresário disse que o atual Parlamento perdeu a legitimidade.
A Aliança da Liberdade, coalização de direita liderada por Berlusconi, governou o país entre maio e dezembro do ano passado.
O empresário foi obrigado a renunciar após romper com um dos integrantes da coalizão, o senador Umberto Bossi, líder do partido federalista Liga Norte (que prega mais autonomia das regiões em relação ao Estado).
O governo de Dini obteve o apoio dos ex-comunistas do Partido Democrático da Esquerda e de parte dos federalistas da Liga Norte, além dos partidos de centro.
O "não" ao novo governo italiano foi dado pelos deputados da Refundação Comunista, um partido de extrema esquerda.

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