São Paulo, quinta-feira, 26 de janeiro de 1995
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Eldorado

São Paulo celebrou ontem seu 441 aniversário crescendo menos. Dados do Anuário Seade, que será lançado amanhã, indicam que, pela primeira vez na história da cidade, o saldo migratório foi negativo, ou seja, mais pessoas deixaram a megalópole do que nela se instalaram.
Entre 1970 e 1980, o saldo migratório fora de 1,1 milhão; de 1980 a 1991, foi de -755 mil. A natalidade também caiu de 239,2 mil em 1980 para 196,9 mil em 1990.
Essa diminuição no ritmo de crescimento da cidade levou a Divisão de População do Departamento para Informações Sociais da ONU a reclassificar este ano São Paulo como terceira maior megalópole do mundo e não segunda, como sugeria previsão do órgão feita em 1992. Apenas Tóquio e Nova York são maiores do que a capital paulista.
Essa queda na velocidade de crescimento não deixa de ser uma boa notícia. Sem expandir-se no ritmo frenético que foi a característica dos anos 70, torna-se possível para as autoridades públicas planejar a ocupação da cidade, procurando dar uma melhor qualidade de vida para todos os habitantes.
Uma das causas para a diminuição do crescimento está, segundo a ONU, na realocação de atividades industriais para cidades menores. E isso é bom. Quanto mais distribuída, geograficamente, for a atividade econômica melhor para o país. Uma disposição mais homogênea das indústrias e serviços tende a repartir melhor a riqueza nacional.
Aos poucos o Brasil se dá conta de algo que os paulistanos já sabem muito bem: São Paulo não é nenhuma Pasárgada ou Eldorado.

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