São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 1995
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FMI faz empréstimo recorde ao México

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O Fundo Monetário Internacional anunciou ontem a concessão ao México de empréstimo de emergência –o maior da história da entidade– no valor de US$ 7,8 bilhões e pelo prazo de 18 meses.
O diretor-gerente do FMI, Michel Camdessus, disse que a decisão foi tomada depois de o governo mexicano ter adotado um programa de reformas "forte, coerente e com credibilidade".
A diretoria do Fundo ainda tem que ratificar o empréstimo em reunião marcada para a semana que vem. Mas o endosso prévio e público de Camdessus assegura o apoio dos demais diretores.
O secretário do Tesouro dos EUA, Robert Rubin, usou o empréstimo do FMI como argumento junto a congressistas de seu país que relutam em aprovar um programa do governo dos EUA de garantias de empréstimos ao México.
O pacote, pelo qual o Tesouro norte-americano assegura financiamentos de até U$ 40 bilhões ao México, está encontrando grande resistência entre parlamentares dos dois partidos (Republicano e Democrata) em Washington.
O presidente Bill Clinton está empenhando todo o poder do cargo para conseguir sua aprovação. Mas, duas semanas depois de sua proposição, o pacote ainda está parado no Congresso com pequenas chances de êxito.
Os opositores argumentam que a ajuda não beneficiará a população mexicana mas apenas vai ressarcir investidores que perderam dinheiro com a desvalorização do peso nos últimos dois meses.
Embora o projeto tenha o apoio formal dos dois principais líderes da oposição a Clinton no Congresso, Newt Gingrich e Bob Dole, nenhum deles parece muito empenhado em sua aprovação.
O chefe da Casa Civil de Clinton, Leon Panetta, reconheceu ontem que é difícil para os parlamentares convencerem seus eleitores de que o programa de auxílio ao México atende aos interesses dos norte-americanos.
Os EUA já colocaram à disposição do México US$ 9 bilhões, metade de um pacote de ajuda de emergência àquele país coordenado por Washington em dezembro.
Clinton falou ontem, pela TV, aos participantes do Fórum Econômico Mundial na Suíça e disse que "se falharmos na ação de auxílio ao México, isso terá graves consequências para o México, para a América Latina e para todo o mundo em desenvolvimento".
Na carta de intenções enviada pelo ministro das Finanças, Guillermo Ortíz ao FMI, o governo mexicano se compromete a uma inflação anual de 19% e a reduzir o déficit de conta corrente em 50% para situá-lo em torno de US$ 14 bilhões, algo próximo de 4,3% do PIB (Produto Interno Bruto).
Também indica que os salários aumentarão 7% e que o limite de crédito interno será de 17,5% do saldo da base monetária. O governo se compromete ainda a reduzir os gastos oficiais em 1,3% do PIB.
O dólar manteve ontem a mesma cotação da véspera: 5,90 pesos. Analistas do mercado disseram que o Banco do México (banco central) vendeu cerca de US$ 500 milhões para evitar maior desvalorização do peso. Mas o BC não confirmou.
Com agências internacionais

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