São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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Artistas plásticos tentam ampliar mercado

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Roupas de seda pintadas a mão, peças em faiança (porcelanas), painéis e pequenas esculturas podem ser comprados diretamente nos ateliês de artistas plásticos, com vantagens para o consumidor que busca peças exclusivas.
A maioria dos artistas não tem similares dos produtos que estão nas lojas. Pedro Vicente, que fez os riscos da coleção da Alekses, trabalha apenas com quadros, painéis e luminárias no seu ateliê.
André Vasarhelyi, 32, que tem um vaso de papier machê na Utile Futile, só vende quadros em casa.
"Eu me dedico mais às telas. Tenho contatos com decoradores e lojas, que é um jeito mais fácil de colocar o trabalho no mercado."
Outro atrativo é o preço. "É muito mais barato no ateliê. Tem loja que coloca até cinco vezes o nosso preço. Uma ficou com algumas peças minhas durante um ano, sem vender. Fui lá e retirei tudo", diz Toni Fernandes, 35.
Ele faz peças de cerâmica e faiança. Seus pratos estão à venda na loja Utile Futile (veja quadro).
Sua produção recente foi praticamente toda vendida para "duas argentinas da Patagônia". Agora, ele precisa de pelo menos dois meses para repor seus estoques.
Apesar dos atrativos, os artistas dizem que há resistência do público. "Sempre existiu uma certa resistência na cabeça do público. Parece que o que está nas lojas é melhor", afirma Fernandes.
Para Vasarhelyi, há um certo bloqueio nos consumidores, que evitam visitar os ateliês.
"As pessoas acham que os artistas são gente de outro mundo e vão ter um ataque histérico diante de qualquer comentário. Não é nada disso", afirma.
Carla Elage, proprietária da Zona D, uma das primeiras lojas do "ramo de objetos", acha que a compra direta pode acabar com um espaço de divulgação dos trabalhos dos próprios artistas.
"Vai ser a mesma coisa que aconteceu com as galerias de arte, as lojas vão sumir e os artistas não terão onde colocar suas peças."
Para ela, o público consumidor desses produtos é "exigente e restrito", que acaba se identificando com a loja que frequenta. "Ele tem certeza que vai encontrar uma peça exclusiva."

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