São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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EUA pedem que Brasil ajude México

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Brasil, Argentina, Chile e Colômbia vão oferecer US$ 1 bilhão para o México enfrentar seus recentes problemas econômicos.
O embaixador do Brasil em Washington, Paulo Tarso Flecha de Lima, anunciou o pacote de ajuda ontem, em discurso durante seminário promovido pelo Inter- American Dialogue, entidade de estudos sobre o continente.
Pouco antes, em Davos, Suíça, o presidente da Argentina, Carlos Menem, também havia falado sobre o auxílio dos quatro países ao México.
O comunicado oficial conjunto estava sendo redigido ontem à noite.
Brasil e Argentina devem entrar com U$ 300 mil cada. Chile e Colômbia, com US$ 200 mil cada. Os empréstimos serão por um ano.
A Folha apurou que o processo de montagem de ajuda sul-americana ao México começou com carta do subsecretário do Tesouro dos EUA, Larry Summers, ao secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente.
Na carta, Summers pedia ao governo brasileiro que participasse do esforço de cooperação com o México, que está enfrentando problemas de liquidez.
A moeda mexicana, o peso, foi desvalorizada em 40% desde 20 de dezembro.
Summers mandou mensagens similares aos governos de outros países da América do Sul, que então passaram a negociar os valores entre si.
Até o final da tarde de ontem, o governo da Colômbia dizia estar ainda estudando sua participação no programa.
O auxílio sul-americano ao México vai ser usado como mais um argumento da Casa Branca junto ao Congresso dos EUA para que seja aprovado programa de garantias de empréstimos no valor de US$ 40 bilhões àquele país.
O presidente Bill Clinton anunciou o projeto há duas semanas e tinha eseranças de vê-lo passar pelo Congresso em poucos dias.
Embora o programa tenha recebido o apoio dos principais líderes da oposição, a resistência a ele tem crescido a cada dia.
Parlamentares dos dois partidos (Republicano e Democrata) o consideram uma operação destinada a ressarcir prejuízos de grandes investidores.
Alguns condicionam seu voto a exigências ao governo mexicano como: aumentos de salários para os trabalhadores do México, fim do comércio entre México e Cuba e fim da emigração ilegal de mexicanos para os EUA.
A Casa Branca teme que se essas exigências forem anexadas às garantias dos EUA o governo do México as recuse e aumente as proporções da crise.
O presidente da Câmara dos Representantes, Newt Gingrich, disse ontem que Clinton "não soube vender ao público" a idéia da ajuda ao México.
Ele apóia o projeto mas acha que "vai ser muito difícil aprová-lo" porque "não se pode enfiá-lo garganta abaixo do público".
O líder da oposição no Senado, Bob Dole, afirmou que seu partido, o Republicano, não vai arcar sozinho com o ônus político de aprovar o pacote. Ele disse que cabe ao presidente obter os votos dos democratas.
Ontem, em Brasília, o governo confirmou o pedido dos EUA.

LEIA MAIS
Sobre a crise do México na pág. 2-3

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