São Paulo, sábado, 28 de janeiro de 1995
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Ford encena a vida num forte

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Primeiro filme da chamada "trilogia de cavalaria" de John Ford, que incluiria "Legião Invencível" e "Rio Bravo", "Sangue de Herói" (Cultura, 22h30) é um dos grandes filmes do diretor.
O coronel Owen Thursday (Henry Fonda) assume contra a vontade o comando de um forte em região acossada pelos apaches. Cruel e cheio de preconceitos (contra os índios e contra seus próprios soldados), ele se contrapõe ao mais flexível capitão Kirby York (John Wayne), camarada dos soldados e amigo dos apaches.
A relação entre os dois é complexa. O conhecimento que York tem dos apaches o torna indispensável aos planos de Thursday.
Para complicar, este se vê às voltas com o romance entre sua filha (Shirley Temple, já crescidinha) e um recruta pobre. Obviamente, ele veta o casamento.
Mas esse enredo dramático, que faz do forte um caldeirão de conflitos, é quase secundário. O que o filme tem de melhor é o olhar poético de Ford às atividades essenciais do homem: o trabalho (as cenas de treinamento), a festa (a sequência do baile), a guerra.
É antológica a sequência do massacre dos soldados pelos índios. Há quem diga que Ford se inspirou na tragédia de Little Big Horn e que Thursday é uma representação do general Custer, ambos teimosos sedentos de poder, ambos heróicos na morte.
Como sempre em John Ford, história e mito se entrelaçam para formar um terceiro plano da realidade: o cinema.
(JGC)

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