São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995 |
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FHC garante vitória de Luís Eduardo
LUCIO VAZ; DANIEL BRAMATTI
Principal líder entre os partidos aliados a FHC na Câmara, Luís Eduardo vai negociar a distribuição de cargos e de verbas federais aos deputados governistas. Este poder de fogo lhe assegurou o apoio de toda a bancada do PFL e garantiu a adesão de partidos menores, como o PTB, o PP e o PL. O PSDB e o PMDB fecharam com o seu nome a pedido de FHC. A ação de Luís Eduardo em favor dos partidos aliados começou em dezembro. Numa reunião com a bancada do PP, no cafezinho da Câmara, ele foi nomeado representante do partido na batalha por cargos federais. Em troca, os deputados do PP garantiram apoio à sua candidatura a presidente da Câmara. FHC recebeu o PP no Palácio do Planalto, dia 18, e pediu uma lista de nomes para cargos de segundo e terceiro escalões. O líder do PL, Valdemar Costa Neto (SP), chegou a fazer uma reunião com os partidos de esquerda, dia 3, para articular um bloco de oposição a Luís Eduardo. Recuou depois de uma audiência com o líder do PFL. Neto explica por que é importante ter cargos no governo: "Temos que ter espaço para podermos atender nossos prefeitos e deputados estaduais", argumenta. Quando a bancada do PMDB ameaçou lançar candidato próprio, o presidente da República passou a ter uma ação direta no processo sucessório da Câmara. Em reunião no Palácio da Alvorada, no dia 10, pediu para a cúpula do PSDB intermediar um acordo entre o PMDB e o PFL, para garantir a eleição de Luís Eduardo. Os contatos foram feitos pelo presidente nacional do PSDB, Pimenta da Veiga. O presidente nacional do PMDB, deputado Luiz Henrique (SC), coordenou as articulações para barrar a candidatura de Gonzaga Mota (PMDB-CE) ou de qualquer outro peemedebista. Na última quarta-feira, quando a bancada do PMDB ensaiou uma rebelião contra o acordo com o PFL, Luiz Henrique fez um discurso irado, em que não faltaram murros na mesa. "Esta não é a hora de formar um exército Brancaleone", disse Luiz Henrique, destacando que seria impossível eleger um candidato do PMDB. Luís Eduardo também considera importante para a sua vitória a unidade conseguida dentro do partido. Inocêncio de Oliveira (PFL-PE) desistiu de concorrer à reeleição e deixou o seu caminho livre. Com apoios tão expressivos, Luís Eduardo preferiu não correr riscos e fez uma campanha longe da imprensa. Não apresentou uma única proposta para a Presidência da Câmara. Enquanto Mota, José Genoíno (PT-SP) e Miro Teixeira (PDT-RJ) defendiam publicamente a reforma e a moralização da Câmara, Luís Eduardo preferia as conversas com líderes dos partidos em gabinetes e restaurantes de Brasília. Mesmo após a adesão formal do PMDB à sua candidatura, se recusou a falar sobre suas propostas. Disse que vai apresentá-las somente após a sua eleição, dia 1. "Estou como o carro de fórmula um que está na frente. Teve uma parada no box, trocou um pneu, mas continua na frente. Nesta hora, é bom não arriscar nada", diz. Texto Anterior: Ações mostram que controle seria possível Próximo Texto: Deputado articulou o Centrão Índice |
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