São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Explosão em depósito de fogos mata 10 em Pirituba

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma explosão ontem por volta das 10h em uma casa de umbanda onde funcionava um depósito clandestino de fogos, em Pirituba (zona oeste de São Paulo), provocou a morte de pelo menos 10 pessoas e feriu outras 20. Dez pessoas foram internadas em estado grave.
A casa, chamada "Ogum Sete Estrelas", ficava na rua Benedito de Andrade. Além dela, a explosão destruiu totalmente uma agência dos Correios, um ferro-velho e os sobrados em cima da loja e em cima dos Correios.
A explosão ainda arrebentou vidros em um raio de 50 metros e foi ouvida a 8 km de distância, segundo a polícia.
A informação inicial dada pela polícia às 11h é que seis corpos haviam sido retirados e seis teriam sido encontrados mortos sob os escombros. Até 14h, os bombeiros encontraram mais quatro corpos e acreditavam haver ainda mais dois sob os escombros.
Quatro funcionários do Correio que estavam na agência não foram encontrados.
Os feridos eram levados para o pronto-socorro municipal de Pirituba. Segundo o ortopedista Sergio Magrin, houve dificuldade no atendimento dos feridos porque faltou o operador de raio X do hospital.
Ainda segundo ele também faltaram medicamentos para o atendimento.
O barman Luiz Américo, 29, que mora em frente à casa de fogos, diz que quando chegou em casa por volta das 7h viu uma Kombi e uma camionete descarregando pólvora e fogos de artifício no local.
A polícia está investigando as causas da explosão.
Até as 14h só uma vítima tinha sido identificada: Heliane Iokohana morava com a família em cima da casa de umbanda.
Durante as buscas, o aposentado Patápio Silva Oliveira, 59, ficava sentado próximo aos escombros de sua casa –que ficava atrás da loja– observando o trabalho dos bombeiros.
Ele morava com a mulher, quatro filhas e dois netos. Uma filha e uma neta morreram. Ele se salvou porque tinha saído com o neto para jogar fliperama no shopping.
A funcionária do Correio Clodione Ferreira, 21, chorava muito próximo do local. Ela disse que não foi trabalhar hoje porque se sentiu mal.
"Minha mãe ainda brigou comigo porque não fui trabalhar."
Participaram 60 bombeiros e 150 policiais militares.
Outro funcionário do Correio, Marcelo Souza, 23, diz que estava tomando café quando ouviu uma explosão, mas não ligou. Só quando ouviu a segunda explosão e o seu café derramou é que saiu correndo. "Fui jogado no chão violentamente."

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